Lisboa recebe o Oracle Digital Day 2018 esta quinta-feira, 8 de fevereiro, no Convento do Beato. Este evento acolher vários especialistas de diferentes áreas de negócio das TI que vão partilhar experiências e pontos de vista para a reflexão sobre o futuro da transformação digital.

Começa com uma sessão plenária onde Andrew Sutherland, Vice-Presidente Sénior da Oracle, Desenvolvimento Comercial, Sistemas e Tecnologia para a Europa, África e Médio Oriente e região Ásia/Pacífico, vai fazer a apresentação “Next is Now”. O Oracle Digital Day inclui um painel de discussão sobre economia digital, moderado pelo jornalista do Observador Edgar Caetano.

Seguem-se duas sessões em paralelo, uma dedicada à modernização e outra à inovação, reunindo testemunhos de clientes, gestores de TI e técnicos especializados da Oracle. Estes dois grupos de trabalho específicos oferecem um vasto leque de estratégias de TI e temas de inovação como Inteligência Artificial, Cloud, Machine Learning ou Blockchain, incluindo apresentações, casos de sucesso de clientes e demonstrações (IoT, CX, ChatBots, Mobilidade).

Há ainda uma zona de expositores e um espaço de networking pessoal e profissional vão também estar disponíveis durante o evento que deverá atrair 400 participantes.

Antecipando o Oracle Digital Day 2018, o Observador entrevistou Andrew Sutherland acerca do futuro das organizações na economia digital:

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1 – As organizações estão a adotar cada vez mais tecnologias digitais como fator de inovação. O mercado da computação na Cloud regista um forte aumento da concorrência a nível global. Como é encarado pela Oracle este combate?

A Oracle posiciona-se como a empresa que traz todos os benefícios de uma Cloud integrada para as empresas a nível global. A Cloud é o elemento-chave da inovação e da transformação digital. Tem muitas vantagens em comparação com os modelos de TI tradicionais. Em primeiro lugar, reduz drasticamente o tempo de colocação no mercado, permitindo que as organizações criem e ofereçam novos serviços e experiências em semanas e não em meses ou anos, como no passado.

Em segundo lugar, o modelo pay as you go reduz as barreiras à entrada no negócio e permite o uso de tecnologias de última geração por empresas que, à partida, não teriam capacidade para suportar um grande investimento inicial. E, por último, mas não menos importante, o modelo da Cloud oferece a flexibilidade que permite alterar as tecnologias ou os serviços de acordo com as necessidades do negócio.

Ao contrário de outros fornecedores que se especializam em soluções de nicho, a Oracle aposta forte no conceito de Cloud integrada. O segredo é que os nossos clientes podem beneficiar de uma infraestrutura comum e de serviços de plataforma, usando aplicações que partilham esses serviços e dados. Isso simplifica não só o processo de adoção, mas também os desenvolvimentos e mudanças futuras.

2 – Estão a surgir novos “Cloud Masters” que crescem rapidamente, superando os concorrentes. Esta é uma das conclusões do inquérito global conduzido pela Longitude, junto de profissionais de TI, que foi divulgado recentemente.

Em 2018, o fosso entre as empresas consideradas “mestres em Cloud” e as que perdem terreno para a concorrência deve aumentar significativamente. O que vemos é que aqueles com maior experiência são os mais rápidos a explorar as novas tecnologias empresariais e metodologias de desenvolvimento, usando-as para impressionar e atrair clientes ou desenvolver vantagens competitivas antes de se tornarem banais. Esta rapidez na resposta ao mercado resulta da experiência na implementação de tecnologias emergentes e de fazer o investimento acertado na Cloud, em termos de plataforma, infraestrutura e ferramentas. Isto significa que podem alcançar sucesso mais rapidamente, tornando-se mais competitivos. Além disso, as empresas que não acompanharem este ritmo correm o risco de ficar definitivamente para trás.

3 – Estudos indicam que cerca de 80% de todas as aplicações empresariais tenham sido movidas para a Cloud em 2025, ou antes. A infraestrutura de Cloud da Oracle desempenha um papel fundamental na própria estratégia da empresa, sendo crucial para uma implementação mais rápida de novos aplicativos e serviços, ao mesmo tempo que reduz os custos de manutenção. Quais são os obstáculos mais comuns que ainda estão a impedir muitas empresas de passar de uma lógica de serviços on-premises para a Cloud?

Continuam a exisitir preocupações legítimas nas empresas quanto à segurança da informação e acerca da privacidade e proteção de dados. No entanto, observamos que gradualmente a maioria das empresas está a iniciar projetos na Cloud ou a transferir serviços específicos e processos de trabalho para a Cloud. Vale a pena destacar que esta mudança está a crescer a um ritmo constante e a nossa expectativa é de que, nos próximos anos, a maioria dos novos projetos de TI serão implementados em ambientes Cloud. Existe um efeito colateral muito positivo na migração de certos serviços para a Cloud que reside no facto de que a segurança da informação e dos dados é melhor protegida por empresas especializadas, como a Oracle. As pequenas empresas especializadas, por mais eficazes que sejam na sua área de negócio, não podem investir tanto como a Oracle em segurança e conformidade. Portanto, eu acredito que as barreiras que ainda subsistem em algumas empresas irão desaparecer com o tempo, de forma gradual.

4 – A maioria das empresas afirma que tem uma estratégia digital. Mas menos de 20% assumem que dispõem da tecnologia para desenvolver essa estratégia. Não é uma oportunidade perdida?

Bem, nós consideramos que essa é uma ótima oportunidade para nós e para os nossos clientes. A migração de sistemas nem sempre é fácil, mas mais cedo ou mais tarde, a maioria das empresas precisa de repensar as suas estratégias de TI. Se estiver a pensar fazer uma renovação de sistemas, a opção de migrar já para os mais recentes ambientes em Cloud é muito realista. As mais recentes soluções Oracle incluem recursos de Inteligência Artificial e de Machine Learning que desenvolvemos nos nossos laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento, o que proporcionará vantagens positivas às empresas que abraçam a nova era da transformação digital. E ficamos animados por saber que a maioria das empresas tem uma estratégia digital, pois sabemos que podemos ser o seu parceiro ideal na adoção das tecnologias mais avançadas, tornando o caminho mais fácil no mundo digital.

5 – Ter as competências para desenvolver essa estratégia digital parece ser outro problema. Como pode a tecnologia ajudar a reduzir essa lacuna?

Estamos todos obcecados com a ideia de simplificar as TI e tornar as tecnologias mais fáceis de usar. Essa é uma das razões pelas quais estamos a incluir um conjunto completo de algoritmos de automação nas nossas soluções. Estas funcionalidades significam que a tecnologia de execução exigirá menos intervenção humana, porque muitas das ações serão desempenhadas automaticamente pelo próprio software. Isso aplica-se, por exemplo, à nossa mais recente tecnologia de bases de dados autónoma, a Oracle Autonomous Database. É um sistema totalmente fiável e que requer muito pouco trabalho humano, reduzindo assim as possibilidades de erro. Nós, as empresas de TI, estamos a fazer todos os esforços para fornecer tecnologias com capacidades autónomas que exigirão cada vez menos trabalho humano. No entanto, a sociedade para a qual estamos a caminhar vai exigir um número crescente de profissionais experientes em tecnologia. Não só especialistas em TI, mas também profissionais digitalizados em outros campos (médicos digitais, professores digitais entre tantos outros). Os nossos sistemas educativos também precisam de mudar.

6 – Gerir talentos na era digital já está a colocar novos desafios às equipas de RH. Como se encontra a coerência neste ambiente, entre o capital humano e a estratégia de TI?

A era digital está a transformar tudo. E também na forma como o talento é gerido. Mas a tecnologia também vem ajudar nesse campo. As ferramentas modernas de Gestão de Capital Humano ajudam as equipas de RH a combinar o talento com as necessidades de trabalho, e isso é feito num ambiente extremamente rico em dados, onde o Big Data também é usado para identificar e desenvolver as competências dos melhores colaboradores para as necessidades da organização.

7 – Durante anos, muitas pessoas previram o desaparecimento do papel do Chief Information Officer (CIO). Como analisa o papel de CIO, cada vez mais poderoso à medida que a Cloud for sendo amplamente adotada em todas as organizações?

O papel do CIO está a mudar muito. É uma mudança muito positiva, pois esta é uma jornada de um mero perito de TI que passa a ser um agente de transformação digital dentro das organizações. A inovação é uma disciplina nos negócios, requer uma nova mentalidade e também capacidades em tecnologias diferentes. O processo de inovação tem que ser patrocinado a um nível muito elevado (CEO) das organizações porque está em causa o coração da estratégia de negócios. Mas essa inovação não pode ser feita sem as capacidades corretas. Ninguém é melhor do que o CIO para ajudar a definir essas necessidades e soluções tecnológicas. Não importa que estejam no datacenter da empresa ou na Cloud. A experiência e conhecimento do CIO é necessária, numa posição que deve estar totalmente alinhada com a estratégia de negócios, de tal modo que o seu papel na organização está a ganhar uma importância crescente.

8 – Na era do Big Data, como se compreende que muitas empresas ainda olhem para os dados como meros subprodutos da auditoria?

Espero que o número de empresas que pensam dessa forma vá diminuindo rapidamente. No ambiente atual, onde a tecnologia está prontamente disponível em todos os lugares, nenhuma empresa pode esperar uma diferenciação no mercado pelo facto de fazer uma coisa melhor do que os concorrentes. Essa diferenciação não durará muito. Mas os dados são uma coisa diferente. Muitas empresas têm acesso a um conjunto de dados específico, produzido pelas interações com os seus próprios clientes. A gestão correta destes dados, autêntico petróleo do século XXI, pode significar uma clara diferenciação no mercado e uma vantagem competitiva absoluta. Honestamente, não consigo pensar em nenhuma razão pela qual uma empresa rejeitaria voluntariamente esta oportunidade.

9 – É curioso que a marca Oracle ostenta no própio nome a competência ideal para a economia digital: Previsão. IA, CX, Social, Mobile e IoT estão a mudar a forma como fazemos negócios. Como é que a Oracle pode fazer a diferença junto dos clientes?

Eu gosto disso. Sim, a Oracle tem a inovação, o futuro, a previsão das tendências de TI no seu ADN e no seu nome. Nós fazemos a diferença no mercado, claramente porque estamos a levar todas essas tecnologias inovadoras ao núcleo das tecnologias empresariais. Somos uma organização puramente B2B, e o nosso objetivo é que todas essas inovações estejam prontamente disponíveis para as empresas em todo o mundo. O nosso último avanço passa por incluir as capacidades de Inteligência Artificial e Machine Learning no nosso portfólio completo de Cloud. Nós não vendemos essas capacidades como módulos adicionais às nossas soluções, mas elas são integradas nos serviços de infraestrutura, plataforma e software (IaaS, PaaS e SaaS). Desta forma temos a certeza de que esses recursos estão disponíveis para todos, não apenas para um pequeno grupo de visionários. Por outras palavras, você pode usar a IA para construir a melhor máquina de sempre para jogar xadrez, e esse é de facto um desenvolvimento muito interessante, mas o nosso objetivo é trazer as vantagens da Inteligência Artificial para o mundo real dos negócios e do mercado. Eu acredito que somos os melhores a transformar a visão em realidade para os nossos clientes.

10 – A computação pessoal evoluiu quando todos percebemos que precisava de recursos de rede, o mesmo aconteceu com a integração de sistemas. Atualmente, concorda com a ideia de que as plataformas de negócios digitais precisam de ser vistas a partir de uma abordagem holística?

Com certeza. E é por isso que a Oracle está a fazer um esforço tão grande na integração, oferecendo uma Cloud integrada que é capaz de oferecer serviços aos diferentes stakeholders em qualquer organização. No último ano fiscal, finalizado em 31 de maio de 2017, a Oracle tinha investido 6,2 mil milhões de dólares em R+D+i. Isso representa mais de 16% dos nossos lucros anuais e é um valor que vem crescendo, constantemente, ano após ano. Esse investimento destina-se a criar o portfólio de Cloud, maior e mais completo, mas também a garantir que a integração e a compatibilidade sejam uma realidade. Vamos dar um exemplo. Se implementar uma solução na Cloud para a gestão RH e, mais tarde, quiser implementar uma solução para a área financeira, por que não aproveitar serviços comuns, como gestão de identidades ou recursos de segurança? Porque não aproveitar as mesmas fontes de dados? Ou porque não poderá usar os mesmos conjuntos de ferramentas para a gestão de sistemas? O nosso propósito, hoje em dia, é garantir que as empresas evitem replicar um erro muito conhecido em ambientes de TI tradicionais: a criação de silos de informação que não comunicam entre si. É por isso que a integração e uma abordagem holística são tão importantes.

11 – Vários estudos mostram que 85% de todas as interações nas redes sociais são feitas a partir de dispositivos móveis. Num mundo em movimento, a mobilidade é muitas vezes vista como o desafio final na construção de uma estratégia de negócios bem sucedida. Quais são as principais vantagens competitivas no portfólio da Oracle?

Da mesma forma que estamos integrar IA e Machine Learning em todo nosso portfólio de Cloud, estamos também a garantir que todas as nossas soluções estejam disponíveis em ambientes móveis. Não são apenas as interações sociais, é tudo aquilo que está a ser feito em dispositivos móveis. Hoje, o smartphone é o dispositivo mais omnipresente. Os gestores já não precisam de ficar sentados em frente ao desktops para receber um relatório de negócios ou uma auditoria. Podem fazê-lo em qualquer lugar e estas possibilidades, desde que as questões de segurança sejam adequadamente salvaguardadas, devem estar disponíveis para qualquer tipo de dispositivo móvel. Além disso, também estamos a ajudar os nossos clientes a implementar as suas próprias ferramentas e soluções nesses ambientes. Por exemplo, criámos uma ferramenta de chatbot que permite a qualquer organização aproveitar as capacidades de Machine Learning e, com isso, oferecer serviços avançados aos seus clientes através de conversação em linguagem natural. Esta comunicação pode acontecer de igual modo em ambientes móveis ou desktop.

12 – De acordo com o Índice de Economia e Sociedade Digital 2017, a posição de Portugal está acima da média da UE em Connectividade (10º), Integração de Tecnologia Digital (9º) e Serviços Públicos Digitais (10º). O país regista também uma das mais altas taxas de susbscrição de serviços de rede de banda larga de alta velocidade, ocupando o 10º lugar na UE e 17º na OCDE. Olhando para a recuperação económica atual, e tendo sido um empresário de sucesso há alguns anos, quais as oportunidades que destacaria na emergente paisagem digital portuguesa?

As oportunidades estão em toda parte. Uma das vantagens de uma economia global é que as empresas mais pequenas podem explorar a velocidade e agilidade como uma vantagem nos mercados globais. Nesse sentido, tenho a certeza de que as empresas digitais portuguesas podem encontrar nichos de mercado interessantes e operá-los globalmente.

Sobre Andrew Sutherland

É escocês e ingressou na Oracle em 1995. Conta mais de 30 anos de experiência em tecnologias emergentes. Andrew Sutherland é responsável pelo crescimento da quota de mercado da Oracle em duas grandes regiões do globo. Ao mesmo tempo que desenvolve a estratégia de negócios, também é responsável pela interação com as equipas de desenvolvimento de produto.

Para ele não há dois dias iguais. Pode estar a discutir o lançamento de uma nova tecnologia com colegas da Austrália pela manhã e acabar o dia a estudar os últimos relatórios com colegas nos EUA. Para Andrew Sutherland, “a parte mais excitante do dia é sempre a oportunidade de falar com os clientes sobre aquilo que estão a fazer com a nossa tecnologia.”

Sobre a Oracle

A Oracle Corp. fornece um portfólio exclusivo de produtos e serviços de software corporativo e de hardware. A empresa está organizada em dois grandes clusters empresariais: Software e Cloud, Sistemas de Hardware e Serviços. Desde Redwood Shores, na California, em 1977 para todo o mundo, assegurando 430.000 clientes em 175 países, a Oracle oferece capacidades de ponta em software como serviço (SaaS), plataforma como serviço (PaaS), infraestrutura como serviço (IaaS) e soluções de dados como serviço (DaaS) para ajudar os clientes a obter melhores resultados, mais depressa e com menos recursos.