As mulheres em risco de infertilidade prematura podem ter motivos para uma esperança renovada. Uma nova investigação conseguiu desenvolver óvulos humanos em laboratório desde as primeiras fases de evolução até à maturidade.

O feito já tinha sido alcançado anteriormente com óvulos de rato mas só agora esta equipa de investigadores da Universidade de Edimburgo revelou que conseguiu replicar o processo em humanos. Este último avanço não só traz novidades sobre o desenvolvimento de um óvulo como abre muitas portas à preservação da fertilidade para as mulheres em risco de infertilidade prematura: como as que passam por tratamentos de radio ou quimioterapia. 

A investigação pode ser particularmente relevante para as jovens com cancro que ainda não passaram pela puberdade. Atualmente, para preservar o tecido celular do óvulo, este tem de ser retirado antes dos tratamentos e congelado para ser posteriormente implantado. Mas este processo tem várias condicionantes: Stuart Lavery, ginecologista, explicou ao The Guardian que a principal preocupação é a possibilidade de “voltar a colocar células cancerígenas dentro do corpo”.

Esta nova descoberta encontrou uma maneira de extrair, desenvolver e usar óvulos sem a necessidade de voltar a implantar tecido.

Quando tens os óvulos, claro que não há células contaminadas. Se tudo correr bem, vai tornar-se um embrião que podes voltar a implantar”, explicou Evelyn Telfer, professora e co-autora da investigação.

Para as mulheres com problemas oncológicos que já passaram pela puberdade, este novo avanço também pode ser muito útil. Nestes casos, os óvulos podem ser extraídos pré-tratamento já na sua fase mais avançada; mas este processo também tem riscos. No caso da fertilização in vitro, os resultados são dúbios e limitados, com a grande possibilidade de só se conseguir extrair 10 a 15 óvulos, o que garante uma hipótese reduzida de algum dia conseguir engravidar. Evelyn Telfer explica que “com este novo processo, podem ficar disponíveis centenas ou milhares de óvulos”.

Contudo, os autores da investigação dizem que ainda vão passar muitos anos até que este mais recente avanço leve a novos tratamentos de preservação da fertilidade.

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