O pianista português Filipe Pinto-Ribeiro estreia-se, em março, na Konzerthaus, em Viena, apresentando um recital que inclui a peça “Quatro Últimas Estações de Lisboa”, que o compositor Eurico Carrapatoso lhe dedicou. O recital de Filipe Pinto-Ribeiro, intitulado “Piano Seasons”, está agendado para o dia 19 de março, na centenária sala vienense, e, além de Carrapatoso, o pianista vai interpretar peças de Pyotr Tchaikovsky, Astor Piazzolla e Modest Mussorgsky.

“Este meu recital de estreia em Viena tem para mim um programa muito aliciante, ao juntar os ‘Quadros de uma Exposição’, de Mussorgsky, aos três ciclos de ‘estações’, dois dos quais em estreia na Áustria – o de Carrapatoso e o de Piazzolla-Nisinman”, disse à agência Lusa Filipe Pinto-Ribeiro.

O programa consiste no tríptico gravado por Filipe Pinto-Ribeiro, em 2015, formado pelo ciclo para piano de Tchaikovsky, “As estações”, opus 37-bis, “Quatro estações de Buenos Aires”, de Piazzolla, numa nova versão, composta para o pianista, por Marcelo Nisinman, as “Quatro últimas estações de Lisboa”, de Eurico Carrapatoso, e ainda “Quadros de uma Exposição”, de Mussorgsky.

“Quatro Estações de Buenos Aires”, de Astor Piazzolla, na versão composta por Marcelo Nisinman, e “Quatro Últimas Estações de Lisboa” serão escutadas em estreia, na Áustria. Referindo-se ao tríptico que gravou — Tchaikovsky, Piazzola e Carrapatoso -, o pianista afirmou: “Este é um projeto muito especial para mim, porque já vem sendo pensado desde os meus tempos de doutoramento, no Conservatório Tchaikovsky de Moscovo, onde tive contacto com a temática das ‘Estações’, de Tchaikovsky”.

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Pinto-Ribeiro afirmou que o seu objetivo é colocar em diálogo “a portugalidade de Carrapatoso, o novo tango argentino de Piazzolla e o romantismo russo de Tchaikovsky”, ou seja, três ciclos de “estações”, “três linguagens, três mundividências e três países que se cruzam”, em três diferentes séculos – XXI, XX e XIX.

À múltipla trilogia, o pianista pretende associar as suas raízes portuguesas e uma dimensão que o “tem levado por esse mundo fora”, a começar pelos tempos em que fez o doutoramento no Conservatório Tchaikovsky de Moscovo.

Sobre o programa escolhido para se estrear na sala vienense, Pinto-Ribeiro afirmou: “Julgo que a introdução dos ‘Quadros de uma Exposição’ será mais um forte atrativo para o público vienense pois, sendo um dos grandes ciclos de referência do repertório pianístico, a verdade é que, ultimamente, há poucos pianistas a inclui-lo nos seus recitais de piano”.

Sobre a peça do compositor oitocentista russo, Pinto-Ribeiro apontou-a como “uma obra extraordinária, de grande exigência técnica e conceptual”.

“Foi o primeiro grande ciclo que gravei, em 2000, após profunda investigação, quando estava a estudar em Moscovo, e sinto-me muito ligado a esta obra-prima e à música de Modest Mussorgsky, que considero um dos maiores génios da história da música. Após alguns anos sem tocá-los, regressei esta temporada aos ‘Quadros’ com uma nova visão, como acontece habitualmente sempre que volto a uma obra após um longo interregno, e espero que, prosseguindo a excelente repercussão que obteve nos meus recitais em França e nos Estados Unidos, no segundo semestre do ano passado, corresponda às expectativas do público e da crítica vienense”, disse.

Em Los Angeles, nos Estados Unidos, o pianista atuou no âmbito do ciclo “Classical Crossroads”, que o apresentou como “um dos mais respeitados pianistas portugueses”, sendo um dos de maior projeção internacional, depois de Maria João Pires.

A Orquestra Metropolitana de Lisboa, no seu sítio na Internet, refere-se ao pianista, natural do Porto, como um “poeta do piano”. Pinto-Ribeiro é diretor artístico do Festival e Academia Verão Clássico, do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e do DSCH – Schostakovich Ensemble.

O músico desenvolve uma intensa atividade solística e camerística, abrangendo um repertório vasto, que se estende do período barroco ao século XXI, e realiza frequentemente concertos, como solista, com orquestras e agrupamentos de câmara. Entre aqueles com quem tem trabalhado contam-se a compositora russa Sofia Gubaidulina e músicos como Renaud Capuçon, Gary Hoffman, Gérard Caussé, Michel Portal e José Van Dam.