O presidente do PSD disse esta segunda-feira que o PCP e o BE “rosnam mas não mordem” ao Governo socialista e não o derrubam mesmo que este faça o contrário do que defende a esquerda.

Intervindo numa conferência na Faculdade de Economia de Coimbra, Pedro Passos Coelho deu o exemplo das posições assumidas pelos partidos de esquerda em Portugal aquando da crise grega, lembrando que BE e PCP defendiam que o Governo português batesse o pé aos financiadores externos e tivesse o “mesmo procedimento” do Governo grego, mas que hoje a Grécia “foi apagada dos discursos” de comunistas e bloquistas, depois de ter sofrido uma destruição económica “sem precedentes”.

“O exemplo do que se passou na Grécia, em que as pessoas nem aos multibancos conseguiam ir buscar o dinheiro que tinham, porque não havia, teve algum impacto em Portugal, na altura. E eu estou convencido que é por isso que o Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda, como se costuma dizer e espero que isto não seja visto como impróprio, rosnam mas não mordem, quer dizer, ameaçam mas não concretizam”, frisou Passos Coelho.

“Vão dizendo que o Governo não devia ceder tanto à União Europeia, à Comissão Europeia, devia gastar mais, a obsessão pela redução do défice não devia ser tanta, a redução da dívida não devia ser tanta, que até se devia reestruturar a dívida, sendo que uma parte dela está cá dentro, reestruturá-la era não pagar, era deixar falir os bancos, a segurança social e por aí fora, seria o desastre completo”, enunciou o ainda líder do PSD.

Passos Coelho acusou BE e PCP de “assim como quem quer manter uma certa linha de coerência com o que diziam no passado”, de defenderem que o “multiplicador keynesiano resolve tudo”: “a pré-bancarrota de 2011 a gente nem sabe porque é que aconteceu, bastava gastar mais, mais despesa, o Estado recebia mais impostos, com isso pagava o que devia, era uma maravilha. A gente não sabe porque é que o professor Teixeira dos Santos, Ernâni Lopes e todos os [ministros das Finanças] que lidaram com bancarrotas não se lembraram disso, de gastar o que não tinham, era ótimo”, ironizou.

“Eu louvo uma certa coerência nesta maneira de pensar, mas reconheço que, assinalando todavia essa coerência, na prática ninguém deita o Governo abaixo porque o Governo faz o contrário. E isso é bom, porque não teria interesse nenhum em que o país voltasse a uma situação como aquela que viveu”, argumentou o presidente do PSD.

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