Correu tudo mal ao FC Porto, correu tudo bem ao Liverpool. De forma sucinta, foi isto que aconteceu no Dragão para explicar a derrota dos azuis e brancos. Depois, há muitos outros pontos: o estudo do adversário, os erros individuais, a vitória na batalha do meio-campo, a eficácia e o (des)equilíbrio emocional. Cinco razões entre muitas outras.

O que disse na roda final aos meus jogadores? Disse aos jogadores que há dias menos bons e hoje coincidiu com um dia em que defrontámos uma equipa de topo. Disse-lhes que este jogo teria de ser a base do que vem aí pela frente no Campeonato e na Taça, que tem de partir daqui o sucesso no futuro”, comentou Sérgio Conceição no final.

Ao perder por 5-0, os dragões fixaram uma série de novos registos negativos quando nada apontava para um descalabro deste género, sobretudo até tendo em conta que a equipa não sofria qualquer tropeção desde que perdeu com o RB Leipzig há 24 jogos. Da pior derrota de sempre em casa ao pior desaire sofrido por uma equipa portuguesa passando pelos cinco golos sofridos como visitado 73 anos depois, houve pouco ou nada de positivo.

O papel de um inglês nascido em Cascais na goleada do Liverpool (a crónica da pior derrota caseira do FC Porto)

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Pior derrota de sempre do FC Porto em casa. O FC Porto já tinha perdido este século por 4-0 em casa com o Nacional (golos de Miguel Fidalgo, Alonso, Nuno Viveiros e Gouveia), no atípico Campeonato de 2004/05 onde os três grandes chegaram às duas últimas jornadas com possibilidade de ganharem o título mesmo tendo perdido muito mais pontos do que é normal. E já sofrera goleadas dos Unidos de Lisboa e do Belenenses por quatro golos de diferença (6-2 duas vezes, 4-0 uma). Cinco sem resposta, nunca. E foi esse o principal registo negativo da noite.

Uma das piores derrotas dos portistas na Europa. Até em termos europeus, este foi um dos desaires mais pesados dos azuis e brancos, que ainda recentemente tinham sido goleados na Allianz Arena pelo Bayern (6-1). Antes, AEK Atenas, PSV e Arsenal tinham sido os “carrascos” dos dragões. O jogo teve uma outra particularidade, registada pelo Playmakerstats: foi a primeira vez que o FC Porto perdia por 2-0 com 30 minutos de jogo.

Pior derrota de uma equipa portuguesa em casa na Europa. A hecatombe do Sporting frente ao Bayern em 2008/09, quando perdeu por 5-0 em casa com os alemães (bis de Luca Toni e Ribery mais um golo de Klose) na primeira e única vez em que chegou aos oitavos da Liga dos Campeões, era até hoje o pior resultado de sempre de um conjunto nacionais nas competições internacionais. O FC Porto, que nunca tinha consentido mais do que três golos como visitado, igualou frente ao Liverpool esse registo negativo dos leões.

Cinco golo sofridos em casa mais de 70 anos depois. A última vez que o FC Porto tinha sofrido cinco golos num jogo foi na derrota com o Bayern na Champions em 2014/15. Mas desde quando os dragões não sofriam cinco ou mais golos numa partida enquanto visitados? A resposta do Playmakerstats remete-nos para a temporada de 1944/45, mais concretamente janeiro de 1945, quando o Belenenses foi golear ao Estádio do Lima por 6-2 com hat-tricks de Armando e Mário Coelho. A título de curiosidade, os golos dos azuis e brancos, que tinham o carismático Barrigana na baliza, foram apontados por Lourenço e Gomes da Costa.

Maior vitória de sempre de uma equipa inglesa em Portugal. Esta foi uma noite especial para Sadio Mané, que já tinha bisado frente ao Shakhtar Donetsk na presente temporada mas que conseguiu pela primeira vez um hat-trick na Champions. E para Salah, que se tornou o 13.º jogador da história do Liverpool a conseguir 30 ou mais golos numa temporada (e ainda vamos a meio de fevereiro, sendo que o egípcio não é aquele avançado de raiz comum). Mas também os reds conseguiram fazer história em Portugal: com o 5-0 superaram os números da goleada do Manchester United ao Benfica em 1966 (5-1) e conseguiram o maior triunfo de uma equipa britânica no nosso país.