O Estado português voltou a financiar-se a juros superiores a 2% no prazo de referência a 10 anos. Um leilão de dívida realizado esta quarta-feira pelo IGCP terminou o pagamento de juros ligeiramente acima do custo suportado na última operação: 2,05% contra os 1,94% pagos em novembro. A incerteza nos mercados nas últimas semanas e a perspetiva de subida da inflação e das taxas de juro em alguns grandes blocos económicos já estão a ter impacto no custo de financiamento do Estado.

Foi ao abrigo desse prazo, de 10 anos, que o Estado emitiu 760 milhões de euros. Os juros subiram em comparação com uma operação em que se emitiu quase o dobro do montante. Por outro lado, foram, também, emitidos 490 milhões de euros com uma taxa de 0,58% que compara com 0,92% de um leilão feito em outubro de 2017.

Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, comenta que “a taxa subiu face à última emissão, mas isso é o que tem acontecido com as taxas das dívidas soberanas mais recentemente, como a Alemanha, dada a expectativa de subida de juros”. Por isso é que, diz o especialista, em nota distribuída pelas redações, “hoje todos os mercados estão em contagem decrescente para conhecer a inflação nos EUA, que será divulgada esta quarta-feira”.

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Um fator que não terá tido influência no resultado do leilão é a expectativa de que a Moody’s decida, tal como as outras três agências de rating reconhecidas pelo BCE, melhorar a classificação de risco das obrigações do Tesouro. O responsável máximo da agência para o rating português esteve em Lisboa na semana passada e deu a entender que essa melhoria poderá ocorrer já na próxima data possível: 20 de abril.

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