O Governo da Etiópia decretou esta sexta-feira o estado de emergência um dia depois da demissão do primeiro-ministro Hailemariam Desalegn, num contexto de protestos antigovernamentais generalizados, anunciou a televisão pública.

“A situação no país chegou a um ponto em que não pode ser gerida com os mecanismos de proteção de paz normais”, afirma um comunicado do Conselho de Ministros lido na televisão esta sexta-feira à noite.

“Foi decidido que o estado de emergência é necessário para proteger a ordem constitucional. O estado de emergência entra imediatamente em vigor”, acrescenta, não precisando por quanto tempo vigora o estado de exceção.

O texto refere que o estado de emergência é declarado devido aos protestos, que causaram mortos e feridos, deslocação em massa de cidadãos, destruição de propriedades e ataques de base étnica.

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O primeiro-ministro etíope, no cargo desde 2012, anunciou a demissão na quinta-feira, afirmando querer ser parte da solução para a crise.

Em 2015 e 2016, a Etiópia foi palco das maiores manifestações antigovernamentais dos últimos 25 anos. A repressão dos protestos fez 940 mortos, segundo a comissão etíope de direitos humanos, dependente do governo.

A calma regressou ao país com a instauração do estado de emergência entre outubro de 2016 e agosto de 2017, embora os protestos se tenham repetido ocasionalmente.

Os protestos têm por base o descontentamento das duas principais etnias do país — oromo (sul e oeste) e amhara (norte) –, que se consideram sub-representadas no partido que governa o país desde 1991, mas também na partilha de recursos e acesso a direitos e liberdades.