A economia venezuelana agravou-se “gravemente” desde 2014, com 89,5% dos venezuelanos a obterem rendimentos insuficientes para satisfaz as necessidades básicas e a queixarem-se de dificuldades económicas, segundo um estudo divulgado hoje pela empresa Hercon Consultores.

O estudo “Contexto Venezuela, Expectativa e Situação Económica” refere que “já não são tempos do ‘boom’ petrolífero, o país vive uma espécie de desmoronamento social, hiperinflação, que afeta com maior intensidade os mais vulneráreis, faz com que aumentem os lares em condição de pobreza e altos níveis de pobreza, que afetam mais de 70% das famílias”.

“Com a opinião negativa de 89,5% (dos entrevistados), a economia familiar revela, em todos os estratos sociais, uma deterioração progressiva durante o mandado do Presidente Maduro (Nicolás, assumiu o poder em 2013), mas especialmente desde finais de 2014, quando (o país) passou a ter índices francamente regressivos”, explicam os autores.

Um total de 79,1% de 1.200 entrevistados consideram a situação económica e social venezuelana “muito complexa”, concordando que o país “transita por um caminho de incerteza ou mau caminho”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A maioria, cerca de 74,5%, defendem que “o Presidente Nicolás Maduro deve deixar o poder ainda este ano” enquanto que “21,3% apoia a sua reeleição (seis anos de mandado).

Para a maioria dos entrevistados é grave a atual situação venezuelana, apontando “a escassez e a falta de abastecimento de alimentos, fome, hiperinflação, insegurança e desemprego”, situação gerada “pelos que ocupam cargos governamentais”.

Para 70,7% dos venezuelanos, segundo este estudo, a grave crise “é muito anterior à queda dos preços do petróleo e deve-se ao socialismo do século XXI, expressado no Plano da Pátria (programa de governo)” e 81,5% chega mesmo a afirma que “fracassou” o modelo imposto pelo Presidente Nicolás Maduro.

Quanto aos principais problemas do país, 77,1% diz ser a inflação e alto custo da vida, 6,1% a escassez, 5,5% a criminalidade, 3,3% o desemprego, 1,5% a guerra económica, 1,3% a corrupção administrativa, 1,2% os serviços públicos, 1,2% a crise política, 1,1% a habitação social e 1,1% outros.

Por outro lado ,70,5% vê na tentativa de diálogo entre o Governo e a oposição uma estratégia governamental para “dividir as forças democráticas, gerar desconfiança, desespero e esgotamento” da oposição, e 71% opina que a oposição não deve participar na mesa de diálogo.

Sobre intenções de emigrar do país se não houver mudanças no governo nos próximos seis meses, 32,5% manifestar estar a pensar fazê-lo, 64,2% disse que não e 3,2% não respondeu.

Dos 1.200 entrevistados 23% disse estar na disposição de votar pela reeleição de Nicolás Maduro, 45,3% está à espera para conhecer um candidato opositor, 25,2% espera um candidato independente e 3,5% respondeu que por nenhum.

Por outro lado 48,2 dos entrevistados disseram não simpatizar com nenhum partido venezuelano, 21% com o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), seguindo-se os opositores Ação Democrática (9,3%), Primeiro Justiça (5,1%), Vontade Popular (4,2%), Um Novo Tempo (2,3%) e Copei (1,0%).