Os produtores do nordeste algarvio, no distrito de Faro, reclamam medidas urgentes do Governo para enfrentar a seca e dizem que a falta de água naquele território está a fazer com que muitos fiquem endividados.

“Estamos muito perto da fronteira, ao lado do Alentejo, temos exatamente o mesmo clima, ou pior, mas medidas diferentes”, queixou-se à Lusa Valter Luz, vice-presidente da Cumeadas, Associação de Produtores do Nordeste Algarvio.

A Cumeadas, que reúne 400 associados, vai fazer uma exposição ao Governo a pedir uma nova medida de apoio aos produtores agrícolas daquele território, ou, em alternativa, que a medida aberta há um ano tenha uma majoração de 80% e não de 50%.

O Governo alargou aos concelhos de Alcoutim e Castro Marim as Medidas Seca 2017, que previam apoios até 50% para o transporte, captação e armazenamento de água para pequenas explorações agrícolas, contudo, a medida fechou com uma taxa de execução de apenas 10%.

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“A medida não foi atrativa porque os empresários agrícolas estão endividados devido ao aumento exponencial dos custos de produção. Como não há pastagem, o gado tem que ser alimentado com ração”, ilustrou, acrescentando que se trata de uma questão “de sobrevivência”.

Valter Luz defende, por isso, que o Governo, com a verba que ficou cativa e não foi utilizada, “dê uma maior majoração no subsídio à medida que contempla as pequenas explorações”, que permita aos produtores a construção de charcas, a realização de furos ou o transporte de água.

Aquele responsável reconhece que é no Alentejo que existem as grandes explorações agrícolas, com um grande peso na economia, mas considera que o nordeste algarvio, onde os efeitos da seca são visíveis nas culturas e na alimentação para os animais, não pode ser esquecido.

Segundo Valter Luz, a construção de uma nova barragem seria “a melhor solução”, mas enquanto isso não acontece, é “urgente que o Governo tome atenção a estas pequenas medidas, que vão resolvendo o problema, localmente, nas explorações”.

Caso não haja medidas urgentes, as consequências podem ir desde a morte de animais e de árvores ao “comprometimento sério” do desenvolvimento de plantas.

“O que se prevê para a Península Ibérica é que as culturas de sequeiro, com as alterações climáticas, vão tendencialmente desaparecer e toda a agricultura ou passa a ser de regadio, ou acaba”, concluiu.