A menos de uma semana das eleições legislativas italianas, marcadas para este domingo, a coligação de centro-direita, onde o Forza Italia de Silvio Berlusconi é o favorito, ainda não anunciou quem é o seu candidato a primeiro-ministro.

Apesar deste impasse, o Forza Italia tem feito uma campanha centrada em Silvio Berlusconi, cujo nome é o único a figurar nos principais materiais de campanha. No Liga, antigo Liga Norte, a segunda maior força da coligação de centro-direita, Matteo Salvini é também apresentado como candidato a primeiro-ministro. O acordo entre os dois partidos determina que o partido mais votado entre os dois indicará o candidato a primeiro-ministro.

“Não posso dizer o nome, mas é um assunto que já está decidido”, disse Silvio Berlusconi, sobre o candidato a primeiro-ministro do seu partido. “Já tive o ok da pessoa em questão, mas os seus compromissos neste momento são tão importantes que ele pediu para que não anunciasse o seu nome. Será um nome importante, que vai assegurar as relações esplêndidas com a Europa.”

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Silvio Berlusconi é candidato às eleições, embora esteja legalmente impedido de exercer cargos públicos. Esta proibição decorre da condenação de Silvio Berlusconi pelo crime de fuga ao fisco e termina apenas em 2019. O líder do Forza Italia já recorreu desta decisão junto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, mas ainda não há data para o tribunal de Estrasburgo anunciar a sua decisão.

Assim, quem pode ser o candidato a primeiro-ministro do Forza Italia? Para já, só há sinais, insinuações e poucas certezas. Porém, na imprensa italiana circulam listas de possíveis primeiros-ministros — posição que pode ser a prazo, caso Estrasburgo dê razão a Silvio Berlusconi.

O favorito a ocupar o Palácio Chigi é Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu e militante do Forza Italia. “É uma pessoa fantástica, foi um dos fundadores do Forza Italia e hoje é presidente do Parlamento Europeu e em todos os comícios que tive, todos me disseram que Tajani era o melhor de todos”, disse Silvio Berlusconi numa entrevista a 23 de fevereiro. O próprio Antonio Tajani tem mantido o silêncio sobre este assunto. “Depois de 4 de março, começa uma nova fase, mas eu sou presidente do Parlamento Europeu, não participo na campanha eleitoral e segunda-feira [seguinte às eleições] estarei em Bruxelas a desempenhar o meu cargo”, disse a 15 de fevereiro.

Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu e fundador do Forza Italia, é apontado como favorito de Silvio Berlusconi para primeiro-ministro

Seguem-se outros nomes, embora não sejam tão favoritos, como o ex-governador do Banco de Itália e atual governador do Banco Central Europeu, Mario Draghi; do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-comissário europeu para a Justiça Franco Frattini; o ex-jornalista e empresário Gianni Letta, um dos maiores e mais antigos aliados de Silvio Berlusconi;

Outro nome que estava entre os possíveis, mas que agora parece estar fora de questão, é o de Emma Bonino, que tem no currículo cargos como o de ministra dos Negócios Estrangeiros do governo de Enrico Letta; vice-presidente do Senado; e comissária europeia para a Saúde. Giorgia Meloni, líder do partido Irmãos de Itália, o mais pequeno da coligação de centro direita, negou liminarmente qualquer apoio a Emma Bonino. “Bonino representa o oposto de tudo aquilo pelo que me tenho batido. Ela anda por aí a dizer que o Bildeberg um grupinho agradável e que Soros é um bom filantropo”, disse este domingo. Já esta segunda-feira, Emma Bonino rejeitou ter aspirações ao cargo de primeira-ministra. “Eu, candidata a primeira-ministra de Silvio Berlusconi? Passámos do jornalismo à pura fantasia”, disse.

Se não houver maioria da direita, instala-se um impasse

Por mais certo ou incerto que esteja o acordo para o candidato a primeiro-ministro do centro-direita a seguir a seguir a 4 de março, tudo isto cai por terra se não houver uma maioria entre a coligação liderada por Silvio Berlusconi, Matteo Salvini e Giorgia Meloni. Se estes não chegarem a um a maioria, Berlusconi poderá voltar-se para a sua esquerda e tentar negociar um governo de bloco central com o Partido Democratico, de Matteo Renzi. Nesse caso, as negociações de parte a parte adivinham-se longas e tortuosas, já que nenhum dos dois lados tem admitido esse cenário até agora.

Em caso de haver um parlamento suspenso à espera de um novo acordo de governo, caberá ao Presidente, Sergio Mattarella, decidir quem vai liderar, a prazo, Itália.

Uma das novidades das eleições de 4 de março é o novo sistema eleitoral, conhecido como Rosatellum. Neste novo sistema, que combina círculos uninominais e listas nacionais, quem tiver mais de 40% dos votos ganha automaticamente 340 assentos parlamentares, o que corresponde uma maioria de 54%. Porém, segundo as últimas sondagens, nenhuma partido ou coligação pré-eleitoral ultrapassavam a fasquia dos 40%. Estas podem, no entanto, estar desatualizadas, uma vez que segundo a lei italiana é proibido publicar sondagens eleitorais nas duas semanas que antecedem as eleições.