Os agricultores dizem estar preocupados com o efeito das alterações climáticas no setor e reclamam mais ajudas e maior agilização dos processos para compensar as consequências da seca.

“As medidas de curto prazo são insuficientes para alguns casos em particular. Precisamos de um calendário mais apertado e de decisões tomadas atempadamente, para os agricultores saberem as ajudas a que têm direito no âmbito da Política Agrícola Comum. Há necessidade de maior envolvência das autoridades ligadas ao Ministério do Ambiente para agilizar processualmente, tudo o que tenha a ver com a situação de emergência com que os agricultores vivem”, disse o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que falava aos jornalistas à margem de um seminário sobre alterações climáticas, que decorreu em Lisboa.

Eduardo Oliveira e Sousa defendeu ainda a criação de medidas de longo prazo que permitam efetuar “maiores reservas de água e salvaguardar as águas subterrâneas”, sublinhando que, no futuro, “vai chover em menor quantidade e em períodos mais curtos”.

“A geração das pessoas que estão hoje no ativo foi apanhada numa armadilha e por isso temos que juntar esforços, no sentido de enfrentarmos as alterações climáticas em conjunto com todos os outros setores da sociedade”, considerou.

De acordo com o responsável, as alterações climáticas levam à necessidade de se alterarem “os procedimentos e culturas”, de modo a adaptarem-se ao clima do país. “Imagine-se o que é pensarmos que, no futuro, o Alentejo deixa de ter sobreiros ou, pelo menos, que diminui brutalmente a quantidade”, exemplificou.

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Por sua vez, o Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, que presidiu à cerimónia de encerramento do seminário, garantiu que o Ministério está preocupado com o fenómeno e que tem desenvolvido esforços para mitigar as consequências que lhe estão associadas.

“É óbvio que [o problema] preocupa não só os agricultores, os seus dirigentes, como me preocupa a mim próprio e a todos os cidadãos, minimamente, informados e conscientes. É um problema com o qual estamos confrontados e com o qual, com toda a probabilidade, temos que conviver nas próximas gerações e para os quais temos que encontrar respostas que só nos podem ser dadas pela investigação, pela ciência, pelo conhecimento e pela adoção de medidas que mitiguem o problema”, notou.

Segundo Capoulas Santos, foi, recentemente, apresentado um conjunto de medidas, elaboradas por entidades do setor público e privado, que procuram dar resposta ao fenómeno. “As medidas incidem sobre a produção, difusão e aplicação prática de conhecimento e técnicas, que passam por práticas mais favoráveis, pela adaptação de culturas às novas condições”, explicou.