O líder do PSD falou pela primeira vez desde que foi eleito o seu líder parlamentar, com margem mínima e a evidenciar a divisão que vive o partido depois da sua eleição. Garante contar com os 89 deputados da bancada do PSD, mas também diz que não pode “obrigar a colaborar os que não querem. Quem não quiser vamos ver”. Ainda assim, sobre a turbulência de que se queixou mal foi eleito, Rio acredita que “está atenuada”.

À margem da Bolsa de Turismo de Lisboa, que visitou esta manhã, Rui Rio foi questionado sobre se os deputados em desacordo deviam renunciar ao mandato: “A consciência deles é que dirá”. A votação de Fernando Negrão foi vista como uma afirmação da oposição interna (que se mantém presente na bancada parlamentar escolhida por Passos nas últimas legislativas) contra Rui Rio. Confrontado com isto, o novo líder social-democrata atira: “Se for verdade não é bem contra mim, mas contra os militantes que me escolheram“.

Recados dados, Rio tentou, no entanto, desdramatizar eventuais tensões, dizendo que também ele foi deputado: “Não tive de estar sempre de acordo com tudo”. Quando venceu as diretas, queixou-se desta mesma divisão dentro do partido, mas hoje diz que ela está “atenuada”. E tenciona mesmo ir até à Assembleia da República na próxima semana, depois de eleita toda a direção da bancada. A primeira reunião de Negrão acontece esta quarta-feira, mas Rio não achou “importante” estar presente já.

Rui Rio, nas nuvens com Passos, queixa-se de “turbulência” no partido

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A outra estreia de Fernando Negrão foi na quarta-feira, num debate quinzenal, frente ao primeiro-ministro. “Gostei. Não só da estreia do líder parlamentar do PSD como do debate como um todo”. Rui Rio diz que “muito pelo tom que Fernando Negrão introduziu, o debate teve um mecanismo diferente, melhor, mais pausado“. E diz que os debates quinzenais, “a existirem, têm de ser mais tranquilos, calmos e esclarecedores”. A existência dos quinzenais não parece pacífica para o líder do PSD e, recorde-se, não é também para o atual primeiro-ministro, que já criticou estes debates antes de ser líder do PS.

“Debates assim podem ser menos apelativos paras as televisões, mas são mais apelativos para o povo”

Na lógica do novo presidente do partido, “o normal” é que os debates com o primeiro-ministro “sejam debates esclarecedores, pausados, as pessoas não têm de estar ali a guerrear se com muita violência”, sublinhou justificando o tom mais sereno que se identificou ontem no debate.

Também falou sobre as dificuldades de fazer oposição quando o clima económico está a recuperar. “É sempre mais fácil fazer oposição quando a economia corre mal do que quando não corre mal. Mas a economia até não está tão bem assim e há vida para lá da economia, há país para lá da economia”. Rio considera “preferível que os resultados sejam bons”, mas garante que não vai “deixar de fazer posição porque alguns  indicadores estão bons, porque há muitos que estão maus”.