Rui Rio almoçou esta quinta-feira com Assunção Cristas, com quem manteve uma conversa semelhante à tida com o primeiro-ministro, centrada nas questões estruturais, remetendo eventuais coligações com os centristas para depois. Desafiado a esclarecer, mais uma vez, a aparente tentação do “novo” PSD ao PS de António Costa, o líder social-democrata não teve dúvidas: o diálogo que existe com o PS é o mesmo que existe com o CDS.

Não há nenhuma aproximação ao PS, a aproximação é a mesma que há ao CDS. A minha conversa com o líder do PS não é muito diferente do que tenho com a líder do CDS no que concerne às questões estruturais, no que concerne à governação, claro é que diferente”, afirmou.

Rui Rio recusou, aliás, qualquer leitura política pela ordem com que realizou os encontros, primeiramente com António Costa, na semana passada, e hoje com Assunção Cristas. “O primeiro encontro foi com o senhor Presidente da República e foi marcado na noite em que ganhei as eleições internas”, lembrou.

Depois de um almoço que durou mais de duas horas, em que ambos apostar no peixe assado, Rio deixou claro que cada partido tem de seguir o seu caminho. “Neste momento cada um faz o seu caminho. Há uma coisa que nos une, é sermos oposição ao atual Governo e à atual solução governativa, mas segue cada um o seu caminho, na hora de haver eleições poder-se-á falar nisso [coligações pré ou pós eleitorais], mas não falámos sobre isso”, afirmou Rui Rio aos jornalistas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com Rui Rio, tanto António Costa como Assunção Cristas mostraram “recetividade” à ideia de participarem num diálogo acerca de matérias estruturantes. “No que concerne a questões de ordem estrutural, são as mesmas que referi ao primeiro-ministro e as mesmas que referi ao Presidente da República, têm a ver com a justiça, sistema político, descentralização, a segurança social ou outras áreas importantes como a natalidade ou a desertificação do interior, em que podemos chegar a acordo”, sublinhou.

Rui Rio lembrou as boas relações que mantém com o CDS desde os tempos de dirigente da associação de estudantes da Faculdade de Economia do Porto e de presidente da autarquia portuense, em que cumpriu três mandatos com os centristas, mas enfatizou a necessidade de conversar com todos os partidos sobre as “reformas estruturais”.

O líder social-democrata insiste em não excluir ninguém desse diálogo, mesmo o Bloco de Esquerda, que já se colocou explicitamente à margem de um diálogo com Rio. “Se formos discutir a reforma do sistema político, a forma como se elegem os deputados, o BE não tem direito a ter opinião? Acho que tem direito, como eu, a ter opinião. Há ideias mais à esquerda ou mais à direita na forma como se elegem os deputados ou como se elegem as Câmaras municipais?”, questionou-se.

“Uma coisa é eu perceber que não haja um almoço como este que eu tive agora com a coordenadora do Bloco de Esquerda, compreendo que não tenha de haver isto, mas amanhã quando debatermos temas em concreto, é lógico que o Bloco não se vai excluir, porque nunca se excluiu de nada. Há diplomas na Assembleia da República, têm de votar, têm de falar sobre eles”, acrescentou.

Grupo Parlamentar: que se acabe com a “paz podre”, pede Rio

Nessas declarações aos jornalistas, Rui Rio disse ainda estar confiante que depois da reunião da bancada parlamentar desta quinta-feira, em que os deputados disseram o que lhes ia “na alma”, será possível começar uma “etapa nova”, sem “paz podre”.

A reunião do grupo terá corrido bem se as pessoas nesta reunião do grupo disseram todas aquilo que lhes ia na alma e que quisessem dizer e, depois de tudo dito, partirem para uma etapa nova”, começou por dizer Rui Rio.

“Aquilo que pedi ao próprio líder parlamentar foi abrir a discussão e que todos digam o que lhe vai na alma, para ver ser se, a seguir, iniciamos um período diferente. Isso foi o que eu pedi para não haver, paz podre no grupo parlamentar. Quem está mal diz que está mal, quem está bem diz que está bem, confrontam-se posições e, depois, se forem adultos, procurarem um caminho comum“, afirmou.

O líder parlamentar do PSD pediu desculpa aos deputados por “algum excesso de linguagem” antes e depois da eleição da direção da bancada e disse acreditar que “os problemas” internos “estão resolvidos”.

O próprio Fernando Negrão confirmou, em declarações aos jornalistas, ter pedido desculpas após a reunião da bancada em foi feita “uma espécie de catarse” do que aconteceu com a sua eleição (realizada há uma semana), com 35 votos a favor, 32 brancos e 21 nulos, e em que admitiu existir “um problema ético” entre os deputados.

“Foi uma discussão mútua, em que todos fizemos uma espécie de catarse dos problemas que ocorreram. Todos os problemas estão resolvidos entre todos”, afirmou. Fernando Negrão admitiu “algum exagero” de linguagem, escusando-se a dizer em que exagerou, se foi, por exemplo, quando admitiu problemas éticos na bancada face à possibilidade de nem todos os deputados da sua lista terem votado em si.

PSD. Negrão pede desculpa aos deputados por “exageros de linguagem”