Quando dizemos que já perdemos a conta às vezes que Meryl Streep percorreu a passadeira vermelha dos Óscares, é genuíno. Aliás, suspeitamos que a própria atriz também se baralhe nas contas. Porquê? Porque Meryl teve a sua primeira nomeação para um Óscar em 1979, é que ainda nem a moda das permanentes tinha chegado. E já lá vão 21, das quais três acabaram com uma subida ao palco.

Em 1980, ganhou o Óscar de Melhor Atriz Secundária pelo desempenho no filme Kramer Contra Kramer. Foi de branco, com um fato de duas peças da autoria da designer francesa Pauline Trigère, composto por uma saia longa e uma jaqueta. O segundo prémio da academia veio três anos depois, aí já indicada a Melhor Atriz Principal. A Escolha de Sofia era o nome do filme e Meryl recebeu a estatueta grávida de Mary, com um vestido longo, largo e bordado com brilhos dourados, criação de Christian Leigh. O terceiro chegou em 2012, depois de ter interpretado Margaret Thatcher no filme A Dama de Ferro. Aí, a atriz voltou a vestir-se a condizer com o troféu. A escolha recaiu sobre a marca francesa Lanvin, à semelhança dos três anos seguintes.

Não é o vestido da discórdia, mas foi o que Meryl Streep arranjou para substituir o Chanel de alta-costura que estava a ser preparado por Karl Lagerfeld. Óscares, 2017 © Kevin Winter/Getty Images

Basta uma curta viagem pelas aparições de Meryl Streep em passadeiras vermelhas e afins para concluir que o preto e o branco são as suas cores de eleição. Volta e meia, lá surge um fato preto a fazer jus a um estilo sóbrio e comedido. Neste caso, a regra só faz com que os momentos em que arrisca em algo diferente sejam ainda mais excecionais. O vestido dourado de 2012 não é o único caso. No ano seguinte, também nos Óscares, um vestido de lantejoulas prateado e azul sucedeu ao dourado ofuscante. Ano após ano, a silhueta da atriz mantém-se fiel aos clássicos. Cinturas marcadas, decotes de ombro a ombro e drapeados, mas poucas saias rodadas, sempre a recordar-nos que não está lá para desfilar, está lá para ganhar o Óscar.

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Mas nem Meryl Streep, considerada por muitos a mais brilhante atriz de Hollywood, está a salvo de uma polémica. Foi o que aconteceu há precisamente um ano, quando a imprensa fazia eco da 20ª nomeação de Meryl para os Óscares. O vestido já tinha sido encomendado à Chanel, mas enquanto Karl Lagerfeld dava os últimos retoques na peça de alta-costura, da equipa da atriz chegou a mensagem “Não continue o vestido. Encontrámos alguém que nos vai pagar”. O criador não tardou em reagir: “Depois de lhe oferecermos um vestido de 100 000 euros, descobrimos que ainda tínhamos de lhe pagar para usá-lo. Damos-lhes os vestidos, fazemos-lhes os vestidos, mas não pagamos”. “Uma atriz genial, mas também barata, não?”, rematou Lagerfeld. Mais tarde o designer viria a emitir um comunicado onde admitiu ter interpretado mal a mensagem. A atriz não encarou isso como um pedido de desculpas e acabou por usar uma criação do libanês Elie Saab.

A começar pela esquerda: Christian Siriano (© Christian Siriano) Alexis Mabille (© hierry Chesnot/Getty Images) e Vera Wang (© Vera Wang)

Chanel, jamais! Mas o mundo está cheio de alta-costura, por isso, há esperança para Meryl Streep. Comecemos pela América, país de Christian Siriano. É dele a primeira sugestão. Está bem que os braços estão demasiado à fresca, mas pela diva do cinema tudo se acrescenta, tudo se refaz. Isso ou apanhar um voo para Paris. É lá que está Alexis Mabille, que dá tudo no campeonato de alta-costura. A cor é arriscada, mas nunca se sabe se não vai ser uma daquelas vezes em que Meryl vai surpreender tudo e todos. Por fim, e já que a atriz gosta de fidelizar-se a determinados criadores durante longas temporadas, mais uma sugestão de alta-costura, desta vez, com Vera Wang, a mesma designer que vestiu a vedeta nos últimos Globos de Ouro.