Histórico de atualizações
  • Obrigada por ter acompanhado connosco a noite eleitoral em Itália. Continuaremos a seguir os desenvolvimentos políticos nas próximas horas, por isso, leia aqui o resumo do que aconteceu nas últimas horas e esteja atento a todas as nossas atualizações. Até já.

  • Terramoto populista ganha forma

    Com as eleições de domingo, Itália fica assim entre a ingovernabilidade e um governo eurocético e anti-imigração. Movimento 5 Estrelas é o maior partido, a Liga sobe em flecha. Berlusconi e Renzi fracassam. São os traços gerais de um terramoto europeu, que parece estar à distância de uma promessa eleitoral falhada.

    Após garantir durante a campanha que não faria nenhuma coligação com qualquer partido, o Movimento Cinco Estrelas (M5E) tornou-se no maior partido de Itália, com mais de 30% dos votos nas duas câmaras do parlamento italiano.Agora, se quiser governar, terá de quebrar a sua promessa eleitoral e estender a mão a outras forças políticas que a possam levar a uma maioria no parlamento. Por essas contas, pode passar uma aliança com a extrema-direita eurocética, o que pode colocar a Europa à beira de um ataque de nervos.

    Com a vitória do Movimento 5 Estrelas, é impossível não sentir o terramoto populista e eurocético

  • Quanto tempo falta para haver um novo governo? Em média, são 51 dias

    Desde 1992, em média, os partidos italianos demoraram 51 dias entre as eleições e a tomada de posse de um governo. Foi precisamente em 1992 em que a espera foi maior — 90 dias — e em 1999 foi quando levou menos tempo — 5 dias.

  • Partido Democrático assume resultado "muito claro na sua negatividade"

    Maurizio Martina, um dos vice-presidentes do Partido Democrático, acaba de falar em conferência de imprensa. Referiu que aguardam os números finais e oficiais, mas ainda assim admitiu: “Claramente trata-se de um resultado que é para nós muito claro na sua negatividade”.

    Recorde-se que o Partido Democrático está a aparecer nas projeções como segundo classificado, encabeçando o bloco de centro-esquerda, com cerca de 23% dos votos. O Partido Democrático está no poder desde 2013, tendo desde então três primeiro-ministros: Enrico Letta, Matteo Renzi e Paolo Gentiloni.

  • Projeção Câmara dos Deputados confirma ingovernabilidade

    Mais uma projeção, desta vez para a Câmara dos Deputados, que também aponta para um cenário de ingovernabilidade, sem nenhum bloco pré-eleitoral a chegar à maioria.

    Movimento Cinco Estrelas – 34%
    Partido Democrático – 18%
    Liga – 16%
    Força Itália – 14%
    Livres e Iguais – 4%
    Irmão de Itália – 4%
    +Europa – 2%
    Nós Com Itália – 1%

    https://twitter.com/EuropeElects/status/970461622920769537

    Em termos de blocos pré-eleitorais, fica assim:

    Centro-direita – 35%
    Centro-esquerda – 20%
    Movimento Cinco Estrelas – 34%

    Depois, há o bloco que não foi estabelecido antes das eleições mas que pode ser alvo de negociações nos próximos dias. Sim, o bloco eurocético:

    Bloco eurocético: 54%

    Ou seja, tal como noutras projeções, o bloco eurocético consegue passar os 50%. Mas ainda está para determinar se:

    1) estas percentagens se traduzem de igual forma numa maioria parlamentar — o que só se deverá saber amanhã, com os resultados oficiais

    2) se se materializa um acordo pós-eleitoral entre o Movimento Cinco Estrelas, o Liga e os Irmãos de Itália — algo que só saberemos nos próximos dias, até semanas, mas que já é discutido em Itália como uma possibilidade real

  • Projeção Senado: os eurocéticos são o maior bloco, com 52,4%

    Nova projeção do Senado, com 23% dos votos contados.

    Em termos de blocos pré-eleitorais, as contas ficam assim:

    Centro-direita (Liga, Força Itália, Irmãos de Itália, Nós Com Itália)
    35,6%

    Movimento Cinco Estrelas
    32,5%

    Centro-esquerda (Partido Democrático, +Europa, Cívica Popular, Itália Europa Juntos, SVP)
    23%

    No entanto, há outro bloco em destaque. E, embora se trate de um bloco que não é pré-eleitoral, é bem possível que ele se venha a formar a partir de amanhã, nas negociações para formar o próximo governo em Itália. É, como o título desta entrada dizia, o bloco eurocético. São estas as contas:

    Bloco eurocético (Movimento Cinco Estrelas, Liga, Irmãos de Itália)
    52,4%

  • Liga: "Naturalmente, primeiro, vamos falar com os nossos aliados"

    Giancarlo Giorgetti, vice-presidente da Liga, acaba de falar. E o que disse é interessante: “Naturalmente, primeiro vamos falar com os nossos aliados”.

    Esta frase é interessante porque Giancarlo Giorgetti explica que vai falar com os seus aliados pré-eleitorais — onde está o Força Itália, de Silvio Berlusconi, que tudo indica que ficará atrás da Liga — mas isso é o que vai fazer primeiro. E depois? Bom, isso já não disse. Mas, daí, podemos assumir que vai falar com outros partidos que não foram seus aliados pré-eleitorais. Ou seja, o Movimento Cinco Estrelas.

    “Sabemos o que devemos fazer”, acrescentou. “Vemos o futuro com grande tranquilidade e serenidade.”

  • Euro em queda

    Enquanto se consuma o impasse italiano, com o Movimento Cinco Estrelas à cabeça, o euro cai:

  • A quem chegou agora, tornamos a fazer este sublinhado:

    • Estamos a trabalhar apenas com projeções e não com números finais
    • Nas últimas eleições, em 2013, as projeções estiveram redondamente enganadas. Deram mais 6%-7% ao Partido Democrático do que os verdadeiros resultados. Não é certo que hoje corrijam as falhas de há cinco anos
    • Percentagens não significam assentos parlamentares. Se é verdade que dois terços dos deputados italianos são eleitos de forma proporcional, é preciso dizer que um terço é eleito em círculos uninominais. Por isso, os resultados não serão totalmente proporcionais

  • Projeção para o Senado

    A RAI acaba de partilhar a projeção para o Senado — e, pelos vistos, nada de novo. O maior bloco é o centro-direita, o maior partido é o Movimento Cinco Estrelas e o bloco do centro-direita fica em terceiro.

    As coisas ficam mais interessantes quando deixamos de olhar para os números como blocos e passamos a ver as percentagens de cada partido.

    Aqui, vemos que o Movimento Cinco Estrelas é o maior partido (sem surpresas) e que o Partido Democrático é o segundo (também sem surpresas). Porém, as surpresas acontecem a fechar o pódio: a Liga, com 16%, fica à frente do Força Itália, de Silvio Berlusconi, com 14,5%. Portanto, tal como as projeções da Câmara dos Deputados indicam, também no Senado a Liga está à frente do seu principal parceiro de coligação, o Força Itália.

    Assim, se houver um candidato a primeiro-ministro do bloco do centro-direita, não será Silvio Berlusconi (ex-primeiro-ministro, pró-Europa), mas sim o eurocético Matteo Salvini.

  • Primeira página do La Stampa: "Vence Di Maio, Itália ingovernável"

    O diretor do La Stampa, Maurizio Molinari, mostra a primeira página do seu jornal amanhã. “Vence Di Maio [do Movimento Cinco Estrelas], Itália ingovernável”

  • Movimento Cinco Estrelas: "Todos os partidos devem falar connosco"

    Acaba de falar Alessandro Di Battista, deputado do Movimento Cinco Estrelas, que é a primeira pessoa a reagir do partido vitorioso desta noite.

    “Todos os partidos devem falar connosco”, disse Alessandro Di Battista, deputado do Movimento Cinco Estrela, acrescentando que eles vão ter de abordar o seu partido “utilizando os nossos métodos de correção e transparência”.

    Ora vamos lá descodificar isto: o Movimento Cinco Estrelas está aberto a negociações com partidos para assim poder chegar ao poder; e, embora não especifique se quer governar sozinho ou em coligação, deixa claro que está na mó de cima.

  • Matteo Salvini: "Grazie"

    Na noite em que leva o Liga ao seu melhor resultado de sempre — e o coloca como hipotético aliado do Movimento Cinco Estrelas num governo eurocético —, Matteo Salvini reagiu de forma simples e rápida: “A minha primeira palavra: OBRIGADO!”.

  • Deputado do Partido Democrático: "Com estes números, seremos oposição"

    Para já, a noite é parca em comentários de políticos aos números que até agora conhecemos. A exceção foi Emanuele Fiano, deputado do Partido Democrático e próximo de Matteo Renzi, que parece apontar para uma rejeição de um bloco central com o Força Itália, de Silvio Berlusconi. Mas acrescentou alguns “mas”.

    “Com estes números vamos para a oposição, mas parece-me prematuro falar já, porque ainda pode ser reunido um apoio externo ao governo nalguns temas, não nos devemos precipitar”, disse, ao Corriere Della Sera.

  • Na Câmara dos Deputados, nenhum bloco está perto da maioria

    Na Câmara dos Deputados, a câmara baixa do parlamento italiano, as projeções continuam a apontar um cenário onde nenhum dos blocos estabelecidos antes das eleições tem maioria. Ao todo, há 630 deputados e a maioria começa nos 316.

    Centro-direita: 214-264
    Movimento Cinco Estrelas: 196-246
    Centro-esquerda: 113-163
    Livres e Iguais: 16-22

  • Marine Le Pen diz que será uma "noite má" para a UE

    Ainda sobre a incrível subida dos eurocéticos, Marine Le Pen escreve o seguinte a partir de França: “A União Europeia vai ter uma noite má… :D”.

  • Euroceticismo ganha força nestas eleições — todos juntos, somam 50%

    Outra possibilidade que as projeções parecem confirmar é a ascensão meteórica dos partidos eurocéticos.

    Tudo isto porque o Movimento Cinco Estrelas tem 31% — o que faz deste partido o maior eurocético da Europa, à frente de Geert Wilders (Holanda) ou Marine Le Pen (resultado da primeira volta em 2017), o Liga tem 14,5% e o Irmãos de Itália com 4,5%. Feitas as contas, são 50%.

    Porém, isto ainda não quer dizer que estejam em maioria no parlamento, uma vez que um terço dos votos será decidido por círculos uninominais. E, nunca é demais sublinhar, isto são apenas projeções — e elas já falharam.

    No entanto, perante estes números, é possível admitir que o Movimento Cinco Estrelas, o Liga e os Irmãos de Itália venham a formar uma coligação de governo. Até agora, os números ajudam-nos nesse sentido — mas este ainda podem mudar.

    Isto não quer dizer que Itália vá sair imediatamente de União Europeia ou sequer avance nesse sentido — i.e., um referendo. Qualquer um daqueles três partidos fez uma campanha de restrição no que toca à questão europeia e ao euro. O Movimento Cinco Estrelas é particularmente instável nestes temas, embora seja, na maioria dos dias, eurocético.

    No entanto, é incontornável: a partir de agora Itália é um dos países onde o euroceticismo tem maior expressão parlamentar.

    (Estes cálculos são feitos através do ponto médio de cada um dos partidos eurocéticos na projeção da RAI. Tivemos em conta apenas os partidos aos quais as projeções dão mais de 3%, o limiar para entrar no parlamento)

  • O Liga, maior partido da extrema-direita, tem melhor resultado de sempre

    O Liga, de Matteo Salvini, deverá ter hoje o seu melhor resultado de sempre. Este partido tem por hábito concorrer a eleições com o partido de Silvio Berlusconi — ora Força Itália, ora Povo da Liberdade —, mas desta vez é capaz de conseguir ultrapassá-lo. As projeções deixam-nos lado a lado, algumas chegam até a colocar o Liga à frente do Força Itália.

  • É mesmo isto:

    “Esqueçam os Óscares — as eleições italianas são o verdadeiro drama desta noite”, escreve o Ferdinando Giugliano.

  • Sem governo, vão ter de começar as negociações

    As projeções, já sabemos, podem estar erradas. Foi assim em 2013, em que o voto do Partido Democrático acabou por ser bem mais baixo do que o projetado na noite eleitoral de então. Seja como for, com os números que agora temos, eis as possíveis leituras:

    • Movimento Cinco Estrelas é o maior partido de Itália. Este ponto é praticamente irrefutável, uma vez que não há nenhum partido que se aproxime desta força política, fundada há apenas 5 anos;
    • O centro-direita de Silvio Berlusconi (Força Itália) e Matteo Salvini (Liga) deve falhar a maioria absoluta. Esta começa a formar-se apenas depois dos 40% e, ao todo, os quatro partidos que formam o bloco do centro-direita não passam os 35%-36%. Para colmatar este resultado, seria preciso ter uma prestação muito boa nos círculos uninominais, onde a disputa seria com o Movimento Cinco Estrelas e sobretudo no Sul;
    • No caso improvável do centro-direita conseguir uma maioria absoluta, será importante perceber quem fica em primeiro naquele bloco: Liga ou Força Itália? No primeiro caso, isso significa que o primeiro-ministro seria Matteo Salvini. No segundo caso, seria Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu, e nome escolhido por Silvio Berlusconi, que está legalmente impedido de desempenhar cargos públicos até 2019
    • O Partido Democrático, de Matteo Renzi, tem um mau resultado, juntando-se aos partidos socialistas europeus que se encontram em sérias dificuldades. As projeções não lhe dão mais de 25%, algumas deixam-no até pouco acima dos 20%.
    • A confirma-se que ninguém tem maioria, os próximos dias deverão ser de negociações. Ora, com o Movimento Cinco Estrelas, fazer coligações será muito difícil. E, sem maioria no centro-direita, Silvio Berlusconi pode virar-se à sua esquerda e tentar uma coligação com o Partido Democrático, formando assim um bloco central. Mas aqui há um problema para Silvio Berlusconi: o seu Força Itália seria parceiro minoritário. Ele próprio disse várias vezes durante a campanha que, se não houvesse maioria para o bloco do centro-direita, haveria novas eleições.

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