A Agência Internacional de Energia (AIE) anunciou esta segunda-feira que prevê um aumento da produção de petróleo do Brasil, Canadá, Noruega e sobretudo dos Estados Unidos, que bastará para satisfazer a procura mundial nos próximos dois anos.

No relatório anual sobre os mercados do petróleo, apresentado na conferência energética IHS CERAWeek de Houston (Texas), a AIE assegura, contudo, que a partir de 2020 “vai ser necessário mais investimento para impulsionar a produção” mundial.

“A indústria petrolífera ainda não recuperou dos dois anos de queda sem precedentes do investimento registado em 2015 e 2016”, adianta o relatório, que afirma que para 2017 e para 2018 a AIE estima um investimento “muito escasso ou nulo” fora dos Estados Unidos.

Nos próximos três anos, só os ganhos (da produção) dos Estados Unidos representarão 80% do crescimento da procura mundial, enquanto que o Brasil, o Canadá e a Noruega (…) terão capacidade para assegurar o restante”, adianta o documento da AIE.

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“Os Estados Unidos estão prontos para marcar a sua impressão nos mercados petrolíferos mundiais nos próximos cinco anos”, sublinha no prólogo do relatório para o próximo quinquénio o diretor executivo da AIE, o turco Fatih Birol, quem, contudo, se mostra preocupado com o “débil investimento global”.

Além de satisfazer o “sólido crescimento” da procura que se prevê, “o mundo precisa de repor três milhões de barris diários de diminuição em cada ano (devido ao esgotamento dos campos de petróleo), equivalentes à (produção do) Mar do Norte”, adianta Birol.

No terreno da procura, a força da economia mundial deve apoiar “sólidos acréscimos”, assegura o texto, que cita a projeção de crescimento global de 3,9% do Fundo Monetário Internacional (FMI) para os próximos anos, com um bom desempenho em praticamente todas as regiões.

Mas o documento atribui a maior parte do acréscimo da procura mundial de petróleo à produção de produtos petroquímicos para elaborar artigos de cuidado pessoal, alimentos, conservantes, fertilizantes, móveis, pinturas ou lubrificantes para automóveis, particularmente nos Estados Unidos e na China.

“Esperamos que a procura cresça a uma taxa média anual de 1,2 milhões de barris por dia. Para 2023, a procura de petróleo alcançará 104,7 milhões de barris por dia, com um aumento de 6,9 milhões desde 2018”, adianta.

Contudo, o texto refere que o crescimento do consumo da China deverá ser travado devido à aplicação das políticas verdes em curso para reduzir a contaminação, especialmente pelo fomento dos autocarros elétricos e dos pesados que consomem gás natural, em detrimento do gasóleo.

Apesar disto, a AIE estima que, como tem vindo a ocorrer nos últimos anos, a China e a Índia somarão quase a metade da procura mundial de petróleo, e se o acréscimo da procura da China desacelerar o da Índia “aumentará ligeiramente”.

Assim, se o ritmo de crescimento da procura alcançar 1,4 milhões de barris por dia este ano, para 2023 haverá uma diminuição de um milhão de barris por dia, segundo as previsões da AIE.