A ambição de Assunção Cristas mede-se pelo número 116: é este o universo de deputados que a líder do CDS tem em mente quando pensa num governo e é o número de que precisa para garantir uma maioria de direita no Parlamento. Mesmo sabendo que será difícil conseguir cumprir essa meta sozinha, Assunção Cristas acredita que é possível atingi-la, como reforçou em entrevista ao Jornal de Notícias.

Ter os 116 [sozinha] não é realista, nem necessário. Nem desejável. O tempo das maiorias de um só partido já lá vai. Agora, dentro deste bloco de 116, vou preparar-me para a ser a primeira escolha.”

Essa é uma das razões pelas quais Cristas insiste que o seu partido avance sozinho nas próximas Legislativas — até porque, como recorda na mesma entrevista, “a verdade é que o CDS governou com o PSD em três momentos e só num deles foi com uma coligação pré-eleitoral”. Por isso, reforça, “queremos ir sozinhos porque é a melhor maneira de contribuir para os tais 116 deputados e para termos uma alternativa de centro-direita no país”.

Sobre uma eventual aliança com o novo líder do PSD, Cristas desafia Rui Rio a assumir a sua posição nessa matéria ainda antes das eleições. E, embora acredite que os dois partidos podem ter um futuro em comum e que é possível “derrotar António Costa e as esquerdas unida em 2019”, espera que, caso o líder dos sociais-democratas siga um caminho diferente, o diga aos eleitores.

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A dois dias do 27º congresso do CDS, que se realiza no próximo fim de semana em Lamego, Assunção Cristas volta a criticar ferozmente o atual governo e concentra as farpas no primeiro-ministro (PM). “Trabalho com afinco e seriedade. Se isso incomoda o PM e o leva para outro tipo de tom, é com ele.”

Faço uma avaliação muito crítica da atuação do governo, e muito crítica, em muitos casos, do PM. O ponto mais alto foi nos incêndios. Não preparou a época mais difícil, não retirou lições de Pedrógão e não evitou outubro. Reagiu muito mal à tragédia.”

A última época de fogos é, aliás, o exemplo usado por Assunção Cristas para fundamentar a sua contestação. “Os portugueses viram que António Costa não tinha as competências necessárias para exercer aquele lugar. Falta-lhe muito para ser um estadista.” Por tudo isto, a líder centrista não se arrepende de ter apresentado a moção de censura. “Na minha grelha de valores, o falhanço dos incêndios é muito mais grave do que as questões orçamentais”, declarou.

Quantas direitas cabem neste CDS? O que eles vão dizer no congresso