Adolfo Mesquita Nunes sabe qual é o lugar do CDS: a caminho de um resultado “histórico” nas próximas eleições legislativas. Essa é pelo menos a convicção do político de 40 anos que este fim de semana participa no 27º congresso do partido em Lamego e que Cristas escolheu para coordenar o programa eleitoral dos centristas. Em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, Mesquita Nunes considera que ainda é cedo para fazer uma apreciação, mas reforça que o CDS quer “preencher o espaço do centro e da direita” na política nacional.

Nós queremos ser a alternativa ao socialismo. E não temos ilusões relativamente ao PS: o PS aliou-se a comunistas e a trotskistas por vontade própria. Ninguém o obrigou.”

Um plano que não se sente estar em risco apesar da possibilidade de o PSD, com Rui Rio, apoiar um governo socialista se vender em minoria nas eleições de 2019.”Hoje é para mim evidente que o eleitorado europeu e o português é mais livre, menos encapsulável no voto tradicional. Isso traz oportunidades a todos os partidos, nomeadamente ao CDS que tem sido sempre vítima do voto útil.”

Por isso, e alinhado com a líder do partido, Assunção Cristas, reafirma a missão centrista de impedir “que o país seja governado por uma maioria que não reforma, não prepara, nem protege o país para o que vem aí, é preciso garantir uma alternativa ao socialismo. E para isso precisamos de 116 deputados.” Uma posição que, insiste, impossibilita qualquer cenário de parceria ou coligação do CDS com o PS.

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Esta ambição do CDS é mais válida do que nunca. Do meu ponto de vista, a função do CDS é ser alternativa ao PS, não é casar-se com o PS.”

E quanto tempo é preciso para o CDS vir a liderar um governo? Mesquita Nunes ironiza: “Durante 40 anos, achei que nunca iria ver Portugal ganhar o Festival da Eurovisão. Depois de ter visto Portugal ganhar a Eurovisão, estou preparado para tudo.”

Na mesma entrevista, Adolfo Mesquita Nunes, faz ainda uma avaliação da economia e do estado social, lembrando que “10 a 40% dos empregos que hoje existem vão deixar de existir”. Daí que considere essencial “atualizar o modelo social face à nova economia”.

 O CDS tem de ser o partido mais bem apetrechado para governar Portugal nos tempos em que estas mudanças estão a ocorrer. Para os sectores mais dinâmicos e preparados para enfrentar mudança, é apostar na iniciativa privada, em regulação inteligente, em criar condições de competitividade. Mas não nos podemos esquecer dos sectores que não estão preparados para a mudança, ou que, num tempo curto, não vão conseguir fazê-lo.”

Por isso, adianta que quer fazer um programa eleitoral que responda às questões do futuro, ainda que reconheça que há partes da sociedade que não conseguem adaptar-se à globalização sem apoio e não podem ficar de fora.