Lisboa vai estar debaixo de um dilúvio de cinema de animação vindo das quatro partidas do mundo, em formato longo ou curto, criado por processos tradicionais ou através da mais recente tecnologia de computador, graças a mais uma edição, a 18ª, da Monstra-Festival de Animação de Lisboa, que começa esta quinta-feira, dia 8, e decorre até dia 18, do São Jorge à Cinemateca, entre outros locais. São centenas de filmes, espalhados pelas competições internacional, nacional (onde concorrem obras de realizadores como Pedro Serrazina, Joana Toste, Pedro Ruivo ou Joana Imaginário), e de estudantes, retrospectivas e homenagens, sessões especiais e históricas, estreias e antestreias, e secções dedicadas à animação de vanguarda, erótica, documental e em videoclip. Mais a Monstrinha para os mais pequenos, com programas para pais e filhos e para as escolas, e ainda as habituais actividades paralelas (“masterclasses”, oficinas, etc.). De entre o vastíssimo e variadíssimo programa deste ano, seleccionámos sete sugestões, entre retrospectivas, homenagens e filmes.

Animação da Estónia

A Estónia comemora os 100 anos de independência do Império Russo e foi o primeiro país da Europa a fazer filmes em estereoscopia. Por isso, tem uma forte presença nesta Monstra, temporalmente muito abrangente, com cerca de 140 filmes muito diversos, incluindo uma sessão de curtas estereoscópicas, um tributo aos estúdios Nukufilm (que fizeram 60 anos em 2017 e têm direito a uma exposição no Museu da Marioneta), com títulos em 3D, retrospectivas dos realizadores mais importantes e um documentário, “Kings of Their Time”, de Mait Laas, sobre os animadores e pioneiros Elbert Tuganov e Heino Pars, autores dos primeiros e únicos filmes de animação de marionetas em 3D. (Cinema São Jorge, Cinemateca, Cinema City Alvalade, Cinema Ideal)

Animação Japonesa

O cinema animado nipónico volta este ano a ser homenageado no festival. No programa, a presença na Competição Internacional de “A Silent Voice”, da cineasta Naoko Yamada; uma retrospectiva das curtas-metragens de Kunio Kato, oscarizado em 2008 por “A Casa dos Pequenos Cubos”; a exibição de quatro longas-metragens de Mamoru Hosoda; de “Gochuo, o Violoncelista”, de Isao Takahata, co-fundador do Studio Ghibli e autor de obras-primas como “O Túmulo dos Pirilampos” ou “O Conto da Princesa Kaguya”; de “Neste Canto do Mundo”, de Sunao Katabuchi, numa sessão especial; e uma retrospectiva de Koji Yamamura e dos filmes dos seus alunos na Universidade de Tóquio. (Cinema São Jorge, Cinema City Alvalade)

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“A Ganha-Pão”, de Nora Twomey

Esta fita realizada pela irlandesa Nora Twomey passa-se em Cabul, no Afeganistão ainda sob o domínio dos talibãs. O pai da jovem Parvana, de 11 anos, é preso pelos fundamentalistas e deixa de poder sustentar a família. Por isso, a menina vai disfarçar-se de rapaz para ajudar á sobrevivência da família, e também para tentar conseguir a libertação do pai. (Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, dia 12, 22h00)

“1917 — O Verdadeiro Outubro”, de Katrin Rothe

Uma recriação animada dos acontecimentos da Revolução Russa de 1917, assinada pela realizadora alemã Katrin Rothe e tratada do ponto de vista de um punhado de importantes artistas russos que os viveram, entre eles Gorki e Malevich. Rothe baseou-se em documentos, testemunhos e diários anteriormente desconhecidos para fazer este filme e dar voz aos intervenientes. (Cinema Ideal, dia 14, 22h00)

“Tem um Bom Dia”, de Liu Jian

Apresentada no Festival de Berlim de 2017, esta animação independente e realista do chinês Liu Jian conta a história de Xiao Zhang, um jovem que trabalha como motorista de um grupo criminoso e que rouba uma avultada quantia ao seu patrão, para pagar a viagem da namorada á Coreia do Sul, onde ela precisa de ir corrigir uma cirurgia plástica falhada. Um mergulho no meio do crime e da corrupção de uma cidade da China. (Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, dia 14, 22h00)

“Gata Cinderela”, de Ivan Capiello, Marino Guarnieri, Dario Sansone e Alessandro Rak

Uma produção italiana inspirada na história da Gata Borralheira e passada na Nápoles dos nossos dias. Mia é uma rapariga muda que cresceu no interior de um navio atracado há muitos anos no porto daquela cidade, e que tenta escapar da sua malvada madrasta e das suas seis filhas, bem como do poderoso mafioso que roubou a sua herança e quer controlar Nápoles. (Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, dia 16, 20h00)

“O Planeta Selvagem”, de René Laloux

Uma rara oportunidade para revermos – ou descobrirmos – em cinema esta obra-prima animada de ficção científica, realizada em 1973 pelo francês René Laloux, com argumento seu e de Roland Topor (que também fez a concepção visual da fita), baseando-se num livro de Stefan Wul. O filme passa-se no futuro, num planeta habitado pelos gigantescos humanoides azuis Draags e por seres humanos, os minúsculos Oms, que aqueles vêem como animais e tratam como mascotes ou caçam. “O Planeta Selvagem” foi animado em Praga, nos estúdios do grande realizador checo Jiri Trnka, e premiado no Festival de Cannes. (Cinema Ideal, dia 16, 22h00)  

Todas as informações sobre o Monstra aqui.