O FC Porto enviou esta quinta-feira para o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa uma exposição com um total de 15 documentos a propósito da denúncia anónima apresentada por alegados atos ilícitos na segunda parte do Estoril-FC Porto (vitória dos dragões por 3-1), que a Procuradoria-Geral da República tinha confirmado ao Observador ter reencaminhado para o DIAP e que originou a abertura de um inquérito.

A denúncia assentava em duas grandes premissas: por um lado, uma alegada reunião entre um elemento da Traffic (empresa que detém a maioria do capital social da SAD do Estoril), um empresário de futebol e um elemento ligado à estrutura do futebol do FC Porto antes do jogo; por outro, o pagamento de 730 mil euros dos dragões ao conjunto da Linha, comprovado com um alegado talão da transferência bancária, realizado depois da partida.

PGR encaminha denúncia anónima sobre segunda parte do Estoril-FC Porto para o DIAP de Lisboa

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Nessa mesma quinta-feira da semana passada, o FC Porto negou em comunicado qualquer irregular em torno do caso, ainda antes de Francisco J. Marques, diretor de comunicação dos dragões, explicar de forma pormenorizada o que se tinha passado: a 14 de fevereiro, uma semana antes do jogo na Amoreira e no seguimento da receção dos azuis e brancos ao Liverpool que funcionou como um balão de oxigénio a nível de tesouraria via bilhética, tinha sido feita uma transferência para o Estoril através do Novo Banco no valor de 748 mil euros, valor em dívida de quatro negócios entre os quais 20% dos direitos económicos de Carlos Eduardo, que foi vendido para o Al-Hilal. Em paralelo, foi explicado que a fatura tinha sido emitida pelo Estoril a 26 de outubro, tinha chegado ao Dragão a 2 de novembro e que o IVA da mesma, no valor de 180 mil euros, tinha sido saldado logo a 7 de novembro.

FC Porto rebate denúncia feita na PGR: a transferência, a data, os atletas e… a receita do Liverpool

“Hoje [quinta-feira] mesmo foi enviado para o DIAP de Lisboa uma exposição a que se juntaram 15 documentos com todo o esclarecimento do que aconteceu. A reunião falada não existiu em dia algum, a transferência aconteceu mas de 748 mil euros referentes ao pagamento de dívidas vencidas e não os 730 mil euros falados como contrapartida pela derrota. Assim, seguiu para o DIAP o contrato do Tozé com o FC Porto, o empréstimo e a cedência definitiva; a aquisição do Carlos Eduardo e a cedência definitiva; o contrato de aquisição de Licá, o empréstimo e a cedência definitiva; a informação relativa à fatura e o seu trajeto; a entrada de dinheiro da receita do Liverpool; um contrato de direitos televisivos; os pagamentos extra-Estoril que foram feitos a América do México, Feirense, Corinthians, Watford, Gent, Alberto Bueno e Victor Garcia, os dois últimos após terem rescindido e recebido. Nesse dia de 14 de fevereiro, foram feitos 3,9 milhões de euros em pagamentos”, referiu Francisco J. Marques no Porto Canal.

Em paralelo, o diretor de comunicação dos dragões adiantou também que toda essa mesma documentação foi enviada para a Liga de Clubes, após a abertura de um inquérito por parte do Conselho de Disciplina.