O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, admitiu em entrevista à NBC a possibilidade de cidadãos russos terem tentado interferir nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, mas sublinhou que o Estado russo não esteve envolvido em qualquer tentativa deste género. “Nós temos os nossos princípios, que consistem em não deixar ninguém se meta nos nossos assuntos e em não nos metermos nos assuntos dos outros”, disse, numa entrevista divulgada na sexta-feira.

Esta foi a primeira entrevista a um órgão de comunicação social norte-americano que Vladimir Putin concedeu desde que 13 cidadãos russos foram acusados, pela investigação do procurador-extraordinário Robert Mueller, de fazerem parte de um esquema de disseminação de propaganda e informações falsas, sobretudo nas redes sociais, durante a campanha para as eleições que Donald Trump venceu. O objetivo daqueles cidadãos russos, que trabalhavam numa empresa registada como Internet Research Agency, seria o de impedir uma vitória de Hillary Clinton.

“Nós não os encorajamos”, disse Vladimir Putin. “Porque é que vocês decidiram que as autoridades russas, eu incluído, demos permissão a qualquer pessoa para fazer isto?”

Mais à frente, Vladimir Putin referiu-se em particular aos 13 cidadãos russos acusados — os quais, garante, a Rússia não vai extraditar para serem julgados nos EUA, referindo que esse mecanismo não está previsto entre os dois países. “Podem ser russos, tudo bem. Mas nã são do governo. E se foram russos? Há 146 milhões de russos. E daí?”, pergunta.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda assim, colocou a hipótese de não serem russos. “Talvez nem sejam russos, mas antes ucranianos, tártaros ou judeus com cidadania russa, o que também devia ser investigado. Talvez tenham dupla nacionalidade ou visto de imigrante. Talvez tenham sido os americanos que lhes pagaram para fazerem isto. Como é que vocês podem saber isso? Eu também não sei”, disse.

Vladimir Putin é candidato às eleições presidenciais da Rússia, cuja primeira volta está agendada para 18 de março. As sondagens apontam-lhe 70% dos votos — o que, a confirmar-se no resultado das eleições, resultaria numa eleição à primeira volta, sem necessidade ser realizada a segunda, agendada para 8 de abril.

De resto, a vitória à primeira volta é o desfecho mais comum nas eleições presidenciais russas da era pós-soviética. Nas seis eleições presidenciais que houve desde então, só nas segundas, em 1996, houve necessidade de uma segunda volta, que culminou na reeleição de Boris Ieltsin.