Jorge Jesus teve uma imagem curiosa após o segundo golo de Bas Dost que parecia sentenciar o encontro em Chaves: sem que se percebesse para quem estava a apontar, começou a bater com as mãos no peito como que a dizer que aquela ação defensiva de Battaglia, a pressionar alto e a roubar a bola antes de assistir o holandês, era o exemplo para o pulmão e para aquela força até ao limite que a equipa do Sporting precisava. Ali e até ao final da época.

“Na primeira parte não fomos tão fortes como na segunda, mas isso não acontece só com o Sporting. Houve alguma falta de intensidade na primeira parte. O Sporting está a jogar de três em três dias, há jogadores em que sentimos menos intensidade e velocidade, mas demos o nosso melhor. As alterações mexeram com a equipa e ganhámos num campo difícil, frente a uma boa equipa. Hoje vamos para baixo e quase não temos tempo para dormir e treinar, na quinta já jogamos na República Checa, isto até me dá vontade de rir…”, desabafou na flash interview. E uma nota de rodapé para se entender o desalento: se os leões defrontassem hoje o Viktoria Plzen, e entre lesões, castigos e jogadores não inscritos, Jesus teria 14 jogadores (Rui Patrício, Salin, Ristovski, Mathieu, Battaglia, Palhinha, Petrovic, Bruno Fernandes, Acuña, Rúben Ribeiro, Bryan Ruiz, Gelson, Montero e Dost).

Depois, duas análises importantes: por um lado, a relevância de ter Dost em campo; por outro, o risco que admitiu ter corrido com a entrada de Misic como titular. “A equipa tem uma forma de jogar diferente com ele porque é um goleador, um jogador superinteligente também quando não tem bola. O posicionamento do Bryan Ruíz ao lado do William foi importante, porque pensou o jogo e dá sempre algo a mais. Com as mexidas, a equipa voltou a crescer”, referiu, prosseguindo: “É sempre um risco mas tinha de meter ou o Misic ou o Wendel. Meti o Misic porque tem mais experiência, é internacional e joga ali na seleção dele, mas isto é tudo um bocadinho à sorte porque quase não treinamos. Quando lanço um jogador não tenho a certeza absoluta do que ele pode fazer”.

Por fim, mais um reparo a nova grande penalidade sofrida. “Sofremos mais um golo de penálti. Volto a dizer: é muito fácil marcar penálti contra o Sporting. Já vi a jogada várias vezes. Primeiro o Djavan faz falta em relação ao Seba [Coates] e depois, porque o jogador está com as mãos e a cara vai às mãos, marca penálti. Nem foi preciso vídeo-árbitro, mas pronto, contra o Sporting é fácil marcar penáltis”, queixou-se o técnico verde e branco.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para o Sporting, o triunfo em Chaves foi mais um no Campeonato e o terceiro em 15 jogos disputados no terreno dos transmontanos (o último tinha sido em 1995); para Jorge Jesus, teve uma outra simbologia: o terceiro técnico com mais sucessos no Campeonato Nacional atingiu a sua 300.ª vitória no principal escalão, ficando apenas a duas de igualar o mestre Fernando Vaz e a 28 da grande referência José Maria Pedroto.

O pai como ídolo, os bloqueios nas bolas paradas e o sonho europeu: as ideias de Jesus à UEFA

E em quantos jogos? 546, a que se somam ainda 125 empates e 121 derrotas, com uma percentagem de triunfos de 55%. Também aqui o atual treinador do Sporting está prestes a fazer história, estando apenas a duas partidas de igualar os 548 encontros de Mário Wilson e entrar no top-5 dos treinadores com mais partidas na Primeira Liga, num registo onde constam Fernando Vaz (625), Manuel de Oliveira (614), José Pedroto (573) e Manuel José (562).

Futebol. “Não é uma cartilha coletiva, é a ideia que tenho”, explica Jesus sobre o treino

Entre as 300 vitórias, o Desp. Chaves está longe de ser a principal vítima (apenas quatro triunfos), posto ocupado por V. Setúbal (22), P. Ferreira (22), Rio Ave (20), Marítimo (18) e Nacional (18). A título de curiosidade, Jesus ganhou quatro vezes ao Benfica, seis ao FC Porto e nove… ao Sporting. Tudo em dez clubes desde 1995: Felgueiras, E. Amadora, V. Setúbal, V. Guimarães, Moreirense, U. Leiria, Belenenses, Sp. Braga, Benfica e Sporting.