A presença de pais junto aos portões das escolas, ansiosos por saber se os seus filhos iam ter aulas, era o sinal mais visível da greve de professores que está a decorrer na região de Lisboa esta terça-feira. Cerca das 8h00, pouco minutos antes do toque de entrada para a primeira aula, perto de uma dezena de pais de alunos das escolas básicas Pedro Santarém e Quinta de Marrocos, em Benfica, questionavam insistentemente os funcionários sobre se a escola ia funcionar, sendo a resposta sempre a mesma: “tem de aguardar”.

Em declarações à agência Lusa, a mãe de uma aluna do 7.º ano e de um aluno do primeiro ciclo da escola Pedro Santarém disse que estava à espera para saber se os filhos tinham aulas:

“Se não tiverem, tenho de faltar ao trabalho”, lamentou esta mãe, que pediu para não ser identificada. “Eu sei que os professores têm direito à greve, é um direito constitucional, mas causa-nos um grande transtorno”, disse ainda.

Outros pais queixavam-se que, mesmo que os filhos tivessem aulas, já iam chegar atrasados ao trabalho.

Luísa Paiva contou que foi avisada pela associação de pais que a professora da filha, que frequenta o primeiro ciclo, ia aderir à greve e já não levou a filha à escola, onde tem outra filha a frequentar o 9.º ano. Poucos minutos depois do primeiro toque, os pais perceberam que foram poucos os alunos que não tiveram aulas, com os recreios quase vazios.

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Na Escola Secundária Gomes Ferreira, em Benfica, as aulas decorreram com normalidade, enquanto na Escola E.B. 2,3 Fernando Pessoa, nos Olivais, nem todos os alunos tiveram aulas. Também em Setúbal, a situação era idêntica esta terça-feira de manhã: a mãe de dois alunos que frequentam estabelecimentos de ensino daquela cidade contou à Lusa que a filha mais velha, do 10.º ano da Escola Sebastião da Gama, não teve aulas, enquanto o filho que frequenta o 4.º ano da escola EB1 de Vila Nogueira de Azeitão acabou por ter um dia de aulas normal.

A Lusa contactou os principais sindicatos, mas ainda não havia dados de adesão à greve, que começou esta terça-feira na região da grande Lisboa (Lisboa, Setúbal e Santarém) e na Madeira.

No quarta-feira, a greve concentra-se na região sul (Évora, Portalegre, Beja e Faro) e no dia 15 na região centro (Coimbra, Viseu, Aveiro, Leiria, Guarda e Castelo Branco). O protesto termina a 16 de março, sexta-feira, dia em que os professores paralisam na região norte (Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança) e na região autónoma dos Açores.

Em causa está um diferendo entre professores e a tutela sobre a forma de descongelamento do tempo de serviço dos professores. Na segunda-feira, representantes dos sindicatos de professores voltaram a reunir-se com responsáveis do Ministério da Educação, mas o encontro foi inconclusivo com os docentes a manter a greve. O Governo voltou a apresentar aos sindicatos a proposta que apenas admite o descongelamento de dois anos e 10 meses de tempo de serviço aos docentes, que exigem ver contabilizados os nove anos, quatro meses e dois dias congelados.