A taxa de inflação em Angola voltou às quedas em fevereiro, mas o registo dos últimos 12 meses permanece acima dos 21 por cento, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano. Segundo o relatório mensal do INE sobre o comportamento da inflação, libertado esta quarta-feira e ao qual a Lusa teve acesso, o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) registou uma variação de 1,26% no período de janeiro a fevereiro. No mês anterior, a inflação em Angola tinha acelerado 1,47%, face a dezembro, o valor mais alto em três meses e influenciada pelo setor da educação, devido ao início do ano escolar.

Este registo contrasta com o pico de 2017, entre setembro e outubro, período em que os preços em Angola aumentaram 2,39%, logo após as eleições gerais de agosto. O pico da inflação mensal em Angola nos últimos anos registou-se em julho de 2016, quando, no espaço de um mês, os preços registaram um aumento médio de 4%. A inflação acumulada a 12 meses desceu em fevereiro para 21,47%, um decréscimo de 16,85 pontos percentuais com relação a observada em igual período do ano anterior, refere o mesmo relatório.

Segundo o INE, a subida de preços em janeiro de 2018 foi influenciada sobretudo pelos setores “Bens e Serviços Diversos”, com 2,74%, pela “Saúde”, com 2,65%, pelos “Transportes”, com 2,05%, e pelo “Vestuário e Calçado”, com 1,93%. Os aumentos de preços no segundo mês do ano foram liderados pelas províncias da Cunene (2,95%), Lunda Norte (2,40%), Zaire (1,97%) e Lunda Sul (1,91%), enquanto as com menor variação foram Luanda (1,12%), Huíla (1,17%), Cuando Cubango (1,27%) e Benguela (1,39%).

Desde setembro de 2014 que a inflação em Angola não para de aumentar, acompanhando o agravamento da crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra na cotação internacional do barril de petróleo bruto, o que fez disparar o custo, nomeadamente dos alimentos. O Governo angolano prevê chegar ao final de 2018 com uma inflação acumulada próxima dos 30%, mas a previsão é abalada depois de nos dois últimos anos ter visto a meta largamente ultrapassada e sempre a dois dígitos, devido à crise. A previsão para o total acumulado de 2018, de 28,7% entre janeiro e dezembro, está prevista no Orçamento Geral do Estado (OGE) e a concretizar-se será o segundo valor anual mais alto desde 2004.

A previsão para 2018 é desde logo condicionada pelo novo regime flutuante cambial, em que a taxa de câmbio é definida pelo mercado, nos leilões de divisas realizados pelo Banco Nacional de Angola para os bancos comerciais. No primeiro mês deste regime, o kwanza sofreu uma depreciação de 20% face ao dólar norte-americano e de 28% para o euro, o que deverá agravar os custos de importação do país, com repercussões nos preços ao consumidor. Entre janeiro e dezembro de 2016 (12 meses) os preços em Angola subiram praticamente 42%, segundo os relatórios anteriores do INE sobre o IPCN. Em todo o ano de 2017, a subida acumulada nos preços foi 23,67%, registo muito superior à previsão de 15,8% para o período entre janeiro e dezembro que o Governo inscreveu no OGE.

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