Metade das espécies de plantas e animais que existem nas áreas naturais mais ricas no mundo, como é o caso da Amazónia e das Galápagos, podem desaparecer até ao final do século, se as emissões de carbono continuarem a aumentar a um ritmo alucinante.
Mesmo que a temperatura média global aumente 2.º C — valor estabelecido no Acordo de Clima de Paris –, estes lugares podem perder 25% das espécies. As conclusões são de um estudo publicado na revista Climate Change, antecedendo a Hora do Planeta, e foi conduzido por investigadores das universidades de East Anglia, Reino Unido, e James Cook, na Austrália, e pela organização não-governamental World Wide Fund for Nature (WWF).
Hora do Planeta
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A Hora do Planeta é uma iniciativa da WWF que começou em 2007, em Sidney, Austrália, quando 2,2 milhões de pessoas e duas mil empresas apagaram as luzes durante uma hora para mostrarem a sua posição relativamente às alterações climáticas.
Este ano, no dia 24 de março, milhões de pessoas vão reunir-se por esta causa, como forma de demonstrar o seu compromisso de proteger a biodiversidade e de fazer parte da mudança.A principal mensagem da Hora do Planeta em 2018 é, segundo Angela Morgado, diretora executiva da ANP|WWF, é fazer pequenas mudanças no nosso dia-a-dia que ajudem a “assegurar um futuro para todos”.
O relatório explora vários cenários e tem em conta quase 80 mil espécies em 35 das áreas mais ricas e diversificadas em termos de biodiversidade. Por exemplo, se a temperatura média global aumentar 4,5ºC, as florestas do Miombo perderiam até 90% dos anfíbios, 86% das aves e 80% dos mamíferos; na Amazónia, 69% das espécies de plantas podiam extinguir-se e, no sudoeste da Austrália, 89% dos anfíbios poderiam desaparecer.
O aumento da temperatura e as chuvas imprevisíveis podem tornar-se o “novo normal”, com as chuvas a diminuírem significativamente no Mediterrâneo, em Madagáscar e no Cerrado-Pantanal na Argentina. Os investigadores acrescentam ainda que os elefantes africanos não vão conseguir ter água para se abastecerem regularmente e que as tartarugas marinhas fêmeas vão ser superiores aos machos, tal como o Observador já tinha escrito.
O Professor Rachel Warren, do Centro Tyndall de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas da UEA, diz que “50% das espécies poderiam perder-se nessas áreas sem política climática“, no entanto, se o aquecimento global “for limitado a 2ºC acima dos níveis pré-industriais”, os valores podem ser reduzidos para 25%. Warren afirma ainda que o limite de aumento em 1,5ºC não foi estudado, mas que, com ele, seria possível “proteger ainda mais animais selvagens”.
Temperaturas elevadas estão a provocar um aumento de tartarugas verdes fêmeas
O relatório mostra que a única forma de proteger estas espécies é manter o aumento da temperatura a nível global o mais baixo possível. Todos podem dar o seu contributo nesta ação que pretende preservar o planeta em que vivemos. A WWF está a mobilizar empresas e governos para que a que as emissões de carbono sejam drasticamente reduzidas, através da diminuição da queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás.