Três dias passaram desde que o cadáver de Gabriel Cruz apareceu. Os pais do menino de 8 anos admitiram que ainda não conseguiram superar a perda do filho. Mas o pai, Ángel Cruz, desabafou: “Quem sabe se ele não me salvou a vida a mim?”.

Não existe consolo possível agora, mas se essa mulher não vai poder fazer mal a mais ninguém, Gabriel já ganhou, apesar de ter pago um valor tão elevado quanto a sua vida e de ter destroçado as nossas”, disse a mãe de Gabriel, no programa “Desaparecidos”, da TVE.

Ao agradecer o apoio e as manifestações de carinho que recebeu de várias partes do mundo, Patrícia admitiu que a morte do filho “conseguiu fazer sobressair coisas muito bonitas das pessoas”. A mãe recorda o filho como um rei: “Se serviu para parar a bruxa, serve-nos de consolo”.

O pai não deixou de criticar os meios de comunicação que “interferiram com a investigação”. “Isso não deve acontecer nunca: que uma notícia possa prejudicar uma investigação”, referiu Ángel, revelando que esta quinta-feira as autoridades vão dar uma conferência de imprensa, em Almería, para “dizer realmente como tudo aconteceu realmente”. Até agora, a versão conhecida é a da própria Ana Julia, a namorada do pai de Gabriel Cruz ou “a bruxa” como lhe chama Patricia, que confessou às autoridades ter assassinado o menino e está a colaborar com a polícia. “Com a raiva, acabei por asfixiá-lo, tapando-lhe o nariz e a boca”, explicou Ana Julia.

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Ana Julia descreve como matou Gabriel: “Com raiva, acabei por asfixiá-lo, tapando-lhe o nariz e a boca”

A mulher foi detida no passado domingo, quando o corpo de Gabriel foi encontrado coberto de lama, despido e enrolado num cobertor, no porta-bagagens do carro da mulher. Acabou por se tornar a principal suspeita do homicídio da criança.

Ana Julia esteve sempre presente ao lado do pai do menino ao longo das operações de busca, mas os fingimentos não resultaram, especialmente depois de as contradições nos testemunhos prestados por ela terem levantado suspeitas. Além disso, foi a própria Ana Julia e o companheiro que encontraram uma camisola interior branca, quando ajudavam nas operações. As suspeitas tornaram-se ainda maiores: tratava-se de uma zona que já tinha sido alvo de buscas e a camisola estava completamente seca quando foi encontrada, apesar de nos dias anteriores ter estado a chover naquela região.

[Veja no vídeo os fingimentos de Ana Julia]

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No dia em que desapareceu, Gabriel Cruz estava na casa da sua avó paterna, Carmen. O menino tinha saído para ir até à casa dos primos, que viviam a cerca de 100 metros da casa da avó. Carmen ficou à porta da sua casa para vigiar o neto. Viu-o percorrer pelo menos 80 metros do caminho — a distância máxima a que o conseguia ver. Faltavam 20 metros para chegar à casa dos primos. Mas a criança nunca lá chegou. Nos 20 metros de distância que faltavam, Gabriel desapareceu.

Carmen estava convencida que o neto tinha chegado a casa dos primos que, por sua vez, pensavam que Gabriel tinha ficado na casa da avó. Segundo a confissão de Ana Julia, foi ela que o encontrou: “Ele estava sozinho, a brincar com um pau. Disse-lhe: ‘Homem, se estás sozinho, vem comigo. Vou à fazenda’”. Ainda de acordo com Ana Julia, Gabriel entrou no carro voluntariamente. Passaram três horas e ninguém tinha dado pela sua falta. Tal só veio a acontecer por volta das 18h00 e só às 20h00 Gabriel é que foi dado como desaparecido às autoridades.