O maestro norte-americano James Levine processou a Ópera Metropolitana de Nova Iorque, depois de ter sido despedido na sequência de uma investigação a casos de assédio sexual, alegando que a companhia analisou alegações sem fundamento para o denegrir. A Ópera Metropolitana de Nova Iorque e o seu diretor-geral, Peter Gelb, “aproveitando-se da boa vontade do movimento #MeToo, agarraram-se descaradamente a essas alegações como pretexto para porem fim a uma campanha pessoal antiga para forçar a saída de Levine”, lê-se no processo interposto num tribunal de Manhattan, citado pela agência The Associated Press (AP).

No processo, James Levine acusa a companhia e Peter Gelb de difamação e quebra de contrato. O maestro pede, pelo menos, 5,8 milhões de dólares (4,7 milhões de euros) de indemnização por danos e para “repor o nome de James Levine, sua reputação e carreira”. A advogada da Ópera Metropolitana de Nova Iorque, citado pela AP, afirmou que James Levine não foi vítima de uma vingança, mas despedido devido a “provas credíveis e corroboradas de má conduta sexual”. “É chocante que James Levine se tenha recusado a assumir responsabilidade pelos seus atos e que hoje, em vez disso, tenha decidido atacar a Ópera Metropolitana de Nova Iorque com um processo cheio de mentiras”, escreveu a advogada Bettina Plevan num comunicado.

Na semana passada, James Levine foi demitido da Ópera Metropolitana de Nova Iorque, na sequência de uma investigação que confirmou casos de abuso e assédio sexuais. Em comunicado, a companhia explicou que a investigação encetada há três meses concluiu que James Levine praticou atos de abuso sexual e teve uma conduta de assédio enquanto trabalhou com “artistas vulneráveis que estavam em início de carreira”.

Em dezembro, a Ópera Metropolitana de Nova Iorque tinha suspendido toda a colaboração com o maestro e desencadeado uma investigação, depois de o jornal The New York Times ter publicado testemunhos de três pessoas que alegavam terem sido alvo de abusos sexuais por parte de James Levine quando eram adolescentes. Depois disso, surgiu uma quarta vítima. Na semana passada, a Ópera Metropolitana de Nova Iorque revelou que durante a investigação mais de 70 pessoas foram inquiridas e que não ficou provada a suspeita de que o comportamento de James Levine tivesse tido cobertura por parte de elementos da direção da Ópera.

James Levine, de 74 anos e que negou todas as acusações, estava reformado, mas mantinha-se como diretor musical honorário e diretor artístico do programa para jovens artistas da companhia. Em fevereiro, a Ópera Metropolitana de Nova Iorque anunciou também o despedimento do diretor de cena John Copley, de 84 anos, na sequência da queixa de uma mulher que o acusou de “comportamento inadequado” durante um ensaio.

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