O presidente executivo do Banco CTT, Luís Pereira Coutinho, faz um balanço “muito positivo” dos dois anos da instituição financeira e espera atingir uma quota de 3% no crédito à habitação no final deste ano.

O gestor falava à Lusa por ocasião dos dois anos de atividade do banco do grupo CTT, que foi lançado em 18 de março de 2016.

“Fazemos um balanço muito positivo, estamos numa fase de captação de uma base de clientes com potencial”, disse, salientado que as notícias são boas.

Isto porque o Banco CTT tem “uma base de clientes que é muito jovem e está em idade ativa, representada pela geração ‘millennials’ [18 a 35 anos]. Dá-nos um grande potencial de futuro, de ‘cross-selling'”, afirmou Luís Pereira Coutinho, salientando que metade dos clientes da instituição financeira dos Correios de Portugal “tem menos de 40 anos”.

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Isso “é relativamente inesperado”, sublinhou o presidente executivo, que adiantou que a instituição financeira conta com “cerca de 300 mil clientes”, considerando que este número “é bastante impressionante para um banco que abriu há dois anos”.

Questionado sobre se o facto não ter comissões ajuda na captação de clientes, Luís Pereira Coutinho não escondeu que tal “é muito importante” e recordou que, ao contrário das outras instituições financeiras, o Banco CTT teve uma “posição de partida diferente dos outros bancos, não investiu na construção de uma rede física”.

Ou seja, o Banco CTT está disponível na rede dos Correios de Portugal, portanto não teve de investir em localizações.

“Não corremos os riscos de custos e isso dá-nos alguns graus de liberdade para podermos ser mais agressivos no tema das comissões”, acrescentou Luís Pereira Coutinho.

O Banco CTT lançou o crédito à habitação no ano passado e atualmente têm uma quota de 2%, “o que está completamente em linha com os planos” da instituição financeira.

Atualmente, o número de clientes do crédito à habitação “não é muito significativo”, ainda “é uma pequena franja”, e para este ano o Banco CTT tem como meta “chegar ao final do ano com 3% de quota de mercado”.

Entre os objetivos para este ano estão “o forte crescimento de clientes” e metas “bastante ambiciosas de crédito à habitação e crédito pessoal”, disse, sem adiantar mais detalhes.

Durante o segundo semestre são esperadas novidades na área de pagamentos do Banco CTT.

A integração da PayShop, operador na área de pagamentos presenciais que processa mais de 30 milhões de transações por ano e tem 4.000 postos espalhados pelo país, no Banco CTT está a decorrer, sendo que isso será a “base de uma área” que a instituição está atenta: a de pagamentos.

Questionado sobre quando haverá novidades na estratégia de pagamentos, Luís Pereira Coutinho disse que “mais no segundo semestre”.

Desafiado pela Lusa a olhar para o futuro e partilhar o que espera do banco quando este cumprir cinco anos de vida, o presidente executivo afirmou: “Gostaria de o ver a continuar este caminho de construção de base de clientes jovem e com potencial de crescimento, de manter a sua raiz física no âmbito dos CTT, mas a evoluir para um banco muito digital e muito ‘mobile’ [móvel]. É essa a tendência que nós vemos e é nisso que estamos a investir cada vez mais”.

Além disso, o presidente executivo gostaria que o Banco CTT mantivesse a sua “oferta muito competitiva”, com “uma presença ainda mais forte no crédito à habitação” do daquela que vai ter no final deste ano.

“Hoje em dia estamos só nos particulares, mas há outros segmentos com muitas afinidades com os CTT, como os pequenos negócios. Gostava de ter uma oferta transacional e de crédito para este segmento”, ou seja, de micro e pequenas empresas no horizonte de cinco anos de vida do banco, acrescentou.

Questionado sobre quando chegarão aos 500 mil clientes, Luís Pereira Coutinho afirmou: “Se me disser a cinco anos, acho que sim. Em dois anos fizemos 300 mil, mas não se consegue sempre o mesmo ritmo”.

O Banco CTT registou rendimentos de 7,6 milhões de euros em 2017, o que compara com cerca de um milhão de euros em 2016.

Instado a comentar a situação do setor financeiro em Portugal, Luís Pereira Coutinho considerou que o pior já passou.

“Acho que o setor passou por uma crise violentíssima e está genericamente numa fase de recuperação já bastante avançada, vemos o setor cada vez mais saudável, talvez com alguma consolidação, que é uma tendência europeia”, considerou o gestor.