Da mesma forma como explicou de forma frontal o porquê de não ter cumprimentado João Henriques no final do jogo em Paços de Ferreira, Sérgio Conceição não teve também problemas em fazer uma espécie de mea culpa em relação à grande penalidade desperdiçada por Brahimi mas que devia ter sido cobrada por Sérgio Oliveira.
“O jogador que tinha que marcar era o Sérgio [Oliveira], mas a culpa não é do Sérgio ou do Brahimi, é minha, também cometo erros. Ao intervalo tive uma conversa com os jogadores e a forma como abordei o Sérgio não foi a melhor, uma maneira que se fosse hoje não o faria, e isso deixou-o um pouco intranquilo para a marcação do penálti. Peço perdão, mas eu também cometo erros. A culpa é exclusivamente minha”, admitiu.
Parecia que estava escrito que a oportunidade do médio português estava aí e ela apareceu mesmo, no seguimento de uma entrada imprudente de Sparagna sobre Maxi Pereira na área. Com o resultado em 2-0 e cerca de 20 minutos para jogar, Sérgio Oliveira assumiu a responsabilidade do castigo máximo, partiu para a bola, marcou e correu para o banco dos azuis e brancos, onde foi abraçar o seu treinador antes de cumprimentar os restantes elementos. Mas o pior, para o jogador, estava ainda para vir e de forma completamente “anormal”.
No seguimento dos protestos dos jogadores do Boavista e também por indicação do VAR, o árbitro Manuel Oliveira foi verificar ao ecrã no relvado o lance e acabou mesmo por anular o golo, transformando-o num livre indireto a favor dos axadrezados. E porquê? Por entender que, no seguimento de uma escorregadela no momento de marcar a grande penalidade, o jogador dos dragões tinha dado um primeiro toque na bola com o pé de apoio (esquerdo) e só depois feito o remate com o pé dominante (direito) a enganar o guarda-redes Vagner. Contas feitas, e contabilizando todas as competições, foi a 23.ª grande penalidade desperdiçada pelo FC Porto nos últimos cinco anos.
Sem entrar em grandes detalhes sobre o lance na flash interview por não ter ainda visto as imagens do mesmo, Sérgio Conceição acabou por aproveitar a deixa para criticar a atuação do mesmo VAR [n.d.r. Bruno Esteves, da Associação de Futebol de Setúbal] na deslocação dos dragões à Vila das Aves. “Fizemos o segundo golo e um terceiro, que não validaram. É difícil perceber se a decisão foi ou não correta mas tenho de realçar outra situação, tendo o Sérgio tocado ou não duas vezes na bola: o VAR esteve extremamente atento, pena é que o mesmo VAR na Vila da Aves não estivesse tão atento num penálti sobre o Danilo flagrante. É incrível esta diferença, este primor que foi o VAR de hoje. Devia ser sempre assim, só que não foi”, lamentou o treinador azul e branco.
“Este jogo teve muitas intervenções do VAR, não sei se com razão ou não. Mas uma curiosidade é que o VAR de hoje foi o senhor Bruno Esteves, que esteve atentíssimo. O mesmo que, na Vila das Aves, não viu um penálti do tamanho da Torre dos Clérigos sobre o Danilo. Talvez nesse dia estivesse com um problema de visão e hoje julgo que terá estado bem, mas com muito rigor. Esperemos que esteja assim todos os jogos”, acrescentaria Pinto da Costa, presidente do FC Porto, na zona mista do Dragão. “O resultado aceita-se, foi uma boa vitória e o FC Porto cumpriu a sua obrigação. O Boavista merece uma palavra de respeito porque veio jogar e isso é louvável, sobretudo depois do que assistimos há uma semana, que foi lamentável e uma das maiores palhaçadas do futebol português”.