Em Portugal, mesmo de Inverno, são os pneus de Verão que merecem mais procura – na esmagadora maioria dos casos, para não dizer na totalidade –, mas à medida que rumamos a norte, são os pneus de Inverno que mais vendem. Garantem mais capacidade de escoar a água da chuva, mas sobretudo exibem características que lhes permitem lidar melhor com as baixas temperaturas e, em situações limite, com neve e gelo. Para enfrentar este último – de longe o maior desafio aos automobilistas e ainda pior para os condutores das duas rodas –, com algumas probabilidades de sucesso, há os pneus de inverno com pregos, a única “coisa” que assegura um mínimo de tracção quando o gelo cobre o piso.

Até aqui, os pregos eram feitos de metal e fixados nos pneus a quente, sendo que a sua altura era mínima, quando homologados para circular na via pública, por oposição aos enormes que são utilizados em competição. Há também que ter em conta que um prego de um pneu é como um icebergue no oceano: há uma pequena parte que fica de fora, para outra, muito maior (cerca de meio centímetro) e mais larga, ficar enfiada na borracha, encarregue da sua fixação.

A foto do novo prego emborrachado torna evidente que a parte metálica continua lá, aquela que “esgravata” no gelo em busca de tracção, mas está agora encapsulada em borracha para resistir mais e permitir que o prego se mova dentro do seu suporte

A Continental inventou agora um novo tipo de prego, a que nós chamamos o prego emborrachado, por ser isso mesmo: revestido a borracha na parte inferior, aquela que fica dentro do pneu, solução inovadora que assegura uma série de vantagens.

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Aplicados nos novos pneus de Inverno da marca alemã, nomeadamente os Continental WinterContact TS 860 S, destinados a condições péssimas para a circulação em estrada, mas ainda assim mais moderadas, e os Viking Contact 7, aquele pneus para o norte dos países nórdicos, onde só é pena a Continental não vender igualmente lagartas, tipo tanque de guerra. Curiosamente, este tipo de pneu, que recorre a borracha mais macia, para funcionar melhor em climas quase a rondar o inóspito, possui um esquema muito complexo de “gomos” no piso, para se encostarem uns aos outros em piso seco, incrementando a eficiência e evitando (ou melhor, reduzindo) a degradação por aquecimento. Este grau de complexidade só foi possível com o recurso a moldes desenhados com a tecnologia 3D.

Tivemos ocasião de testar os pregos novos (que ainda estão numa fase de protótipo, se bem que em vias de entrar em produção) e compará-los com os tradicionais. Montados num VW Golf, medimos uma aceleração seguida de travagem, até parar, tudo isto num piso com um nível de aderência próximo de zero, onde até era complicado caminhar, mesmo com cuidado redobrado. Com os pregos emborrachados, aquilo que a Continental apelida de Rubberized Spike, o Golf com os pregos inovadores foi sempre mais rápido, ganhando 5% de vantagem na fase de aceleração, e outros 5% na travagem. Durante os nossos ensaios, conseguimos ganhar 6% em aceleração e 4% em travagem.

Afirmam os técnicos da Continental que o facto da borracha envolver o prego de alumínio não só o fixa melhor ao pneu – reduzindo em 300% a tendência para se soltar quando circula em estradas secas ou pouco molhadas, o que faz aquecer o metal –, como permite que este se mova ligeiramente, inclinando-se e oferecendo, por isso, uma aresta mais viva ao gelo, melhorando a tracção. Simultaneamente, o tal movimento permitido pela borracha que envolve a base do prego diminui a agressão deste ao asfalto, reduzido a degradação do pavimento em cerca de 20%.