Os mais de 1.600 cidadãos russos residentes em Portugal que hoje votaram nas presidenciais optaram em cerca de 70% por Vladimir Putin, um resultado muito semelhante ao registado na Rússia, de acordo com os últimos números oficiais.

“No território de Portugal, 70% dos mais de 1.600 cidadãos russos que compareceram deram o seu voto ao candidato Vladimir Putin”, referiu à Lusa um responsável da embaixada. “É um resultado muito comparável ao anunciado pela Comissão eleitoral central” para todo o território da Rússia.

De acordo com a estatística consular, no início de 2018 permaneciam em território de Portugal, como residentes ou em passeio (turismo, viagens de negócios ou outras atividades), um pouco mais de 6.000 mil cidadãos russos com mais de 18 anos de idade.

“Mas já que o registo consular é uma opção e não uma obrigatoriedade para o cidadão, os números finais podem variar. De qualquer forma, cada cidadão acima de 18 anos teve possibilidade de votar em Lisboa e noutras cidades de Portugal”, precisou a mesma fonte.

As urnas em Lisboa estiveram abertas até às 20:00 nas instalações da embaixada da Federação da Rússia, constituindo este o quarto e último passo de umas eleições que, em Portugal, foram organizadas antecipadamente na Madeira (cerca de 60 votos expressos, há precisamente uma semana) e no Porto (cerca de 260) e em Portimão (200), no sábado.

Os resultados da votação no território português, que estavam praticamente apurados, serão de seguida transmitidos à Comissão Eleitoral Central, em Moscovo, que os divulgará oficialmente.

Lusa

Bom, e à medida que se apuram os últimos 5% de votos que faltam — e sabemos que quanto mais perto do fim, mais demora a escrutinar todos os votos –, é hora de ir encerrando este liveblog. Os resultados disponíveis neste momento pouco devem divergir dos números finais, que deverão ser afinados até amanhã. Vladimir Putin ganha esta eleição presidencial com 76,5% dos votos, mais próximo da margem máxima (77%) do que da mínima (73%) avançadas pelas sondagens à boca das urnas.

A participação eleitoral, nos 67% a esta hora, também fica bastante acima do que tinha sido avançado inicialmente (63%) . O objetivo 70-70 (70% dos votos e 70% de participação eleitoral) do Kremlin parece ter sido praticamente cumprido.

Aqui ficam os resultados finais de todos os candidatos a esta hora, com 95% dos votos apurados:

Vladimir Putin: 76.50%
Pavel Grudinin (Partido Comunista): 11.97%
Vladimir Zhirinovsky (LPDR): 5.80%
Ksenia Sobchak (ind.): 1.60%
Grigory Yavlinsky (Yabloko): 0.99%
Boris Titov (Partido do Crescimento): 0.73%
Maxim Suraykin (Comunistas da Rússia): 0.68%
Sergey Baburin (União de Todo o Povo Russo): 0,65%

Com 92% dos votos contados — e a registar 76,5% dos votos para Vladimir Putin –, é hora de recordar o resumo do dia, feito pelo Observador aqui.

“Estamos condenados ao êxito”. Vladimir Putin alcança vitória esmagadora

É também uma boa altura para olhar para o futuro. Como será este mandato do Presidente russo? Que temas marcarão a agenda? E em 2024, quando chegar ao fim, o que irá acontecer? Como será uma Rússia pós-Putin? Agora que chegou ao fim mais uma eleição presidencial, tentámos olhar para o futuro e responder a estas e outras questões.

Vladimir Putin ganhou outra vez na Rússia: o que vai ele fazer com esta vitória?

A confirmar-se esta votação à volta dos 75% (que, com 89% dos votos, parece cada vez mais firme), é o melhor resultado de sempre numa eleição presidencial russa desde 1991. Aqui fica a comparação, com uma nota: destas oito eleições, quatro foram vencidas por Putin (e uma quinta pelo seu aliado Dmitry Medvedev).

#Putin's (preliminary) outcome in the #Russia|n #election of 2018 appears to be highest in the entire history of Russian presidential elections: via @SvobodaRadio #RussiaElections2018 pic.twitter.com/ftmnl95gP4

— Alex Kokcharov (@AlexKokcharov) March 18, 2018

Se dentro de fronteiras a abstenção foi mais alta do que o Kremlin desejava, os emigrantes participaram em valores recorde, assegura o ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

https://twitter.com/KevinRothrock/status/975501820981338113

Com 85% dos votos apurados, o Presidente russo não só continua à frente como aumentou a sua vantagem: tem agora 76%.

Mais uma infografia para ajudar a comparar estes resultados com os das outras eleições presidenciais na Rússia.

Russian voter turnout was the lowest in presidential election history. pic.twitter.com/lzBTFwjcf3

— Radio Free Europe/Radio Liberty (@RFERL) March 18, 2018

Vladimir Zhirinovsky, vice-presidente da Duma e candidato do partido LPDR, com algumas propostas próximas da extrema-direita, diz que não está satisfeito com os resultados eleitorais (teve apenas 6% dos votos) e queixa-se do sistema. “As condições foram completamente injustas. Não houve debates. Os escândalos foram artificiais, provocados só para atrair atenção. Não há democracia, não há competição. Há um candidato do Kremlin e os outros são só ‘rostos'”, disse à Interfax.

Questionado por um jornalista nesta noite eleitoral sobre a possibilidade de regressar ao cargo de Presidente em 2030 (depois de ter chegado ao fim este mandato em 2024 e esperado mais seis anos até se poder candidatar outra vez), Putin afastou terminantemente esse cenário. “Acho que é um pouco ridículo o que está a dizer. Vamos fazer contas. É suposto eu ficar aqui à espera até fazer 100 anos? Não, não.” Vladimir Putin tem atualmente 65 anos — em 2030 terá 77.

It makes sense to plan ahead if u deal with current Russian President, who just extended his rule for 6 years. So I asked #Putin if he comes back in 2030. He said: “I think it’s a bit ridiculous what you say. Let’s count. What, i'm supposed to sit here until I am 100? No. No!” pic.twitter.com/Mv1gqwWCvo

— Ilya Arkhipov (@world_reporter) March 18, 2018

O presidente russo, Vladimir Putin, obteve mais de 90% dos votos na Crimeia, península anexada exatamente há quatro anos e cujos habitantes participaram hoje pela primeira vez em eleições presidenciais russas.

De acordo com a Comissão Central de Eleições (CEC), Putin obteve 91,69% dos votos expressos pelos 1,5 milhões de eleitores convocados na Crimeia para as eleições hoje.

O segundo resultado, após o escrutínio de 20,49% dos votos na península, corresponde ao candidato comunista, Pável Grudinin, com 2,23% dos votos.

Há quatro anos, Putin assinou a anexação de Crimeia e da cidade de Sevastopol, que antes pertenciam à Ucrânia, numa cerimónia oficial no Kremlin, decisão que foi unanimemente condenada no Ocidente.

Dois dias antes, quase 97% da população da Crimeia apoiou a reunificação com a Rússia num referendo que nem a Ucrânia nem a comunidade internacional reconheceram.

Lusa

Nataliya Vasilyeva, correspondente da Associated Press em Moscovo, destaca que o discurso curto e satisfeito de Putin contrasta em muito com o de 2012 (onde o Presidente russo até se emocionou), porque o clima também não é o mesmo.

“Emblemático de toda uma campanha muito mais relaxada para Putin do que em 2012 (sem manifestações em massa todas as semanas, sem antigos primeiros-ministros a participar nesses protestos)”, escreve a jornalista.

Emblematic of the entire campaign which was way chill for Putin than the one in 2012 (no massive protests one week after another, no former deputy pms taking the stage at one of those protest rallies) https://t.co/fpAZufnACP

— Nataliya Vasilyeva (@NatVasilyevaAP) March 18, 2018

O vencedor da noite eleitoral já falou à multidão. Num discurso de minuto e meio, com um ar satisfeito, Vladimir Putin acompanhou a multidão gritando “Rússia, Rússia” e agradeceu o apoio dos eleitores. “Estamos condenados ao sucesso. Juntos, vamos elevar a uma nova escala o trabalho em nome da Rússia”, disse.

A glowing, beaming Putin gives a 90 second speech, thanks his voters and his team, and strolls off stage as if he wins 6-year presidential terms every day of the week https://t.co/j2eWAObAZM

— Henry Foy (@HenryJFoy) March 18, 2018

Enquanto esperam pelo discurso de vitória de Vladimir Putin, centenas de pessoas reúnem-se nas ruas de Moscovo para festejar a vitória — e celebrar o aniversário da anexação da Crimeia que, recorde-se, se assinala hoje.

Pode acompanhar a festa ao vivo através do Youtube:

Apesar de alta, a participação eleitoral a manter-se como está neste momento (63,7%) deverá manter-se aquém da de eleições passadas.

#RussianElections turnout:

2000: 68.8% (Putin I)
2004: 64.3% (Putin II)
2008: 69.7% (Medvedev)
2012: 65.25% (Putin III)
2018: 63.7% (exit polls, Putin IV)

If confirmed, that would put turnout for Putin IV at the lowest of all his victories, albeit by a narrow margin.

— Ben Nimmo (@benimmo) March 18, 2018

Com 30% dos votos contados, Putin segue à frente com 73%.

A manterem-se estes números, esta será a maior vitória presidencial de Putin, relembra o El País. Em 2000 venceu com 53,4% dos votos, em 2004 com 71,9% e em 2012 com 63,6%.

Andrei Kondrashov, ex-jornalista russo e assessor desta campanha de Vladimir Putin, responsabilizou as acusações do Reino Unido relativamente ao envenenamento do espião Sergei Skripal pela alta participação eleitoral dos russos. “Neste momento, os números da participação estão acima do que esperávamos em 8-10%. Temos de dizer ‘obrigado, Grã-Bretanha’ porque eles não contaram com a mentalidade russa“, disse Kondrashov à agência Interfax, citado pela Radio Free Europe.

“Quando começaram a pressionar-nos foi precisamente na altura em que precisávamos de mobilizar [eleitores]. Sempre que a Rússia é indiscriminadamente, e sem provas, acusada de algo, o que o povo russo faz é unir-se em torno do centro do poder. Hoje, o centro do poder é, inquestionavelmente, Putin. Por isso obrigado Reino Unido por teres feito o que fizeste pela participação nestas eleições.”

Com 25% dos votos contados, Putin segue à frente com 72% das intenções de voto, segundo dados da Comissão Eleitoral.

Simon Kruse, correspondente do jornal dinamarquês Berlingske, dá conta da festa nas ruas da capital russa.

Um russo de nome Sergei diz-lhe que “a Crimeia foi só o início” e que “a reeleição de Putin significa que os antigos Estados soviéticos vão em breve regressar a casa”. E a NATO? “Está a ir ao fundo.”

Valgfesten fortsætter. Krim er kun begyndelsen, siger Sergej, der står ved siden af mig. Putins genvalg betyder, at alle de tidligere sovjetstater snart vender hjem til Moskva. Og at NATO går under, tilføjer han. pic.twitter.com/Fd4jGMWSep

— Simon Kruse (@crusoes) March 18, 2018