“Eu sou um cabrón e, por isso, vou levar-te ao sítio onde está o corpo de Diana”. O cadáver estava amarrado a blocos de cimento, dentro de um poço. Foi encontrado na última noite do ano passado. Era o corpo de Diana Quer e foi o inspetor da UCO — a unidade especial da polícia judiciária da Guardia Civil — José Miguel Hidalgo que conseguiu que El Chile o revelasse. Foi o mesmo inspetor que conseguiu, dois meses mais tarde, com que Ana Julia Quezada confessasse ter matado o seu enteado de oito anos, Gabriel Cruz. “Chorei, claro que chorei, como todos. Foi o pior final”, disse José Miguel Hidalgo ao ABC. O menino estava coberto de lama e enrolado numa manta no porta-bagagem do carro que a namorada do pai conduzia.

Ele é o que se espera de um polícia. Muito caloroso e próximo das vítimas e as suas família. É incansável e impecável para deter o mal”, descreveu um colega de trabalho ao mesmo jornal.

Estava prestes a comemorar o Natal do ano passado com a sua família quando teve de viajar de urgência para a Galiza. No dia 25 de dezembro, em Boiro, uma rapariga tinha sido atacada e acabou por ser salva por dois jovens. No momento do ataque, a jovem chegou a gravar, sem querer, um áudio no seu telemóvel onde se ouvem os gritos e uma voz masculina. “É ele”, disse o inspetor ao ouvir a gravação. Era El Chicle. O homem já tinha sido interrogado por José Miguel Hidalgo pelo que não demorou até que identificasse a voz. Esta foi a peça-chave para resolver o caso do desaparecimento de Diana Quer. “Tu vais ser capaz”, disse-lhe, na altura o inspetor que o acompanhou e que está agora reformado. El Chicle acabou por ser detido e levar as autoridades ao local onde tinha deixado o corpo.

[Veja aqui os oito momentos-chave da investigação ao desaparecimento da Diana Quer]

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Dois meses passaram e José Miguel Hidalgo tinha em mãos outro caso que chocou Espanha. O desaparecimento de Gabriel Cruz, um menino de 8 anos, logo depois de ter saído casa da sua avó. O corpo foi encontrado dias depois no porta-bagagem do carro da namorada do próprio pai. A confissão de Ana Julia foi obtida por este “mestre da investigação criminal”, como lhe chamam os colegas com quem trabalha. A suspeita contou que encontrou Gabriel a brincar sozinho e que o menino entrou no carro de forma voluntária. Ana Julia reparou que o enteado estava a brincar com um machado e, segundo as suas declarações, tentou tirar-lhe o objeto, mas o menino começou a insultá-la. “Não és a minha mãe, não mandas em mim e não te quero voltar a ver nunca mais”, terá dito a criança. “Então, lutámos com o machado, tirei-o e, no final, com a raiva, acabei por asfixiá-lo, tapando-lhe o nariz e a boca”, explicou Ana Julia.

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[Veja no vídeo a detenção de Ana Julia]

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Dias depois, o juiz Rafael Soriano do tribunal de instrução de Almería decidiu que Ana Julia fica em prisão preventiva sem caução pelo assassinato. A namorada do pai de Gabriel vai ficar presa preventivamente até ao início do julgamento, cuja data ainda não foi definida.