Os fadistas Katia Guerreiro e Ricardo Ribeiro atuam no final do mês, em Rabat, no âmbito do II Festival do Fado, em Marrocos, cuja programação inclui a exibição de filmes e uma exposição.

Katia Guerreiro atua no dia 30 de março, no Teatro Nacional Mohammed V, em Rabat, e cabe a Ricardo Ribeiro o fecho do festival, no dia seguinte, neste mesmo palco.

O festival abre na quinta-feira, dia 29, com a conferência “L’internalisation du Fado”, por Andreia Brito, que faz parte da equipa de investigadores do Museu do Fado, em Lisboa, no âmbito do estudo e gestão das coleções, mediação cultural e serviços educacionais.

Licenciada em Direito pela Universidade Católica de Lisboa, Andreia Brito fez parte do serviço de Educação do Oceanário de Lisboa (2005-2012) e, segundo comunicado do festival, especializou-se em património e interpretação ambiental, desenvolvimento regional e local, e possui formação complementar qualificada, em Território, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Nova Universidade de Lisboa.

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Às 18h30 é inaugurada a exposição “L’Internalisation du Fado”, no espaço Villa des Arts, uma mostra “representativa do fado”, organizada pelo Museu do Fado e pela empresa municipal de Gestão, Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa, EGEAC, que “abrange os grandes momentos de mediatização do fado, da década de 1930 até o presente”.

Esta mostra fica patente até 29 de maio, e apresenta artistas como as fadistas Berta Cardoso (1911-1997), criadora do fado “Cruz de Guerra”, Ercília Costa (1902-1985), que a imprensa apelidou como “a santa do fado”, e o guitarrista e compositor Armandinho (1891-1946).

“Com Amália Rodrigues, desde a segunda metade do século XX, o Fado derruba todas as fronteiras, geográficas e culturais, afirmando-se hoje, em meados do século XXI, como uma imagem de marca, vivendo o seu apogeu no circuito internacional da música mundial, em uma celebração universal da modernidade da cultura portuguesa”, assinala o festival.

No dia 30, antecedendo o concerto de Katia Guerreiro, na Villa des Arts, são exibidos os filmes “Fado” (1923), de Maurice Mauriac, película em quatro atos inspirados na tela homónima de José Malhoa, da primeira década do século XX, e “Les Amants du Taje” (1955), de Henri Verneuill, em que Amália Rodrigues estreou o tema “Barco Negro”, de David Mourão-Ferreira e música de Caco Velho e Piratini (“Mãe Preta”). Ao fim da tarde, realiza-se uma ‘masterclass’ de guitarra portuguesa, por José Manuel Neto.

O guitarrista que acompanha habitualmente nomes como Camané e Carlos do Carmo, editou em 2016 o seu primeiro álbum a solo, “Tons de Lisboa”. Em 2004, o músico foi distinguido com o Prémio Francisco Carvalhinho, pela Casa da Imprensa e, em 2008, com o Prémio Amália Melhor Instrumentista. “É um excelente intérprete, brilhante, um virtuoso, que reúne grande consensualidade no mundo do fado”, afirmou a diretora do Museu do Fado, Sara Pereira.

O dia encerra com o concerto de Katia Guerreiro, que, em dezembro de 2014, lançou o álbum “Até ao Fim”, constituído por 12 temas, um deles com música e letra assinadas pela fadista, pela primeira vez, intitulado “Eu gosto de ti (canção para a Mafalda)”, dedicado a sua filha. Esta inspirou também outro fado, “Nesta noite”, com música e letra de Paulo Valentim, que já assinou outros temas para a fadista, como “Segredos”.

O Festival encerra no dia 31 com o espetáculo de Ricardo Ribeiro, fadista que no ano passado recebeu o Prémio Carlos Paredes, outorgado pela câmara de Vila Franca de Xira. O fadista interpretará temas do seu repertório, com incidência no mais recente álbum em nome próprio, “Hoje É Assim, Amanhã Não Sei”.

O álbum inclui temas como “Nos dias de hoje”, com letra e música de Tozé Brito, “Portugal”, que interpreta no Fado de João Maria dos Anjos, um poema de Mário Raínho, “Soneto de mal amar”, de José Carlos Ary dos Santos, musicado por João Paulo Esteves da Silva, que musicou também “Chanson d’autonne”, de Paul Verlaine.