O fundador do Sistema de Orquestras da Venezuela, que promove a integração social de jovens através da música e inspirou a criação de várias orquestras, entre elas a portuguesa Orquestra Geração, José António Abreu, morreu este sábado.

José António Abreu faleceu aos 79 anos de idade, depois de vários problemas de saúde e após mais de 40 anos numa missão que ele próprio dizia ser “democratizar a música”, através do Sistema Nacional de Coros e Orquestras Juvenis e Infantis da Venezuela, conhecido como “El Sistema”.

Economista, político, maestro e compositor, José António Abreu nasceu em Valera, no Estado venezuelano de Trujillo, a 7 de maio de 1939 e aos 18 anos começou por estudar órgão e cravo, em Caracas. Em 1967 foi distinguido com o Prémio Nacional de Música Sinfónica, pelas suas habilidades como compositor e entre 1989 e 1995 foi ministro venezuelano da Cultura, vice-presidente e Diretor do extinto Conselho Nacional da Cultura (Conac). Formado também em economia, durante mais de 20 anos ensinou esta matéria em várias universidades venezuelanas.

Em 1975, ano de fundação do “El Sistema”, promoveu o primeiro périplo da Orquestra Sinfónica Simón Bolívar, que nasceu de um grupo de 11 jovens músicos que se reuniam aos sábados para ensaiar música. O périplo teve lugar a pedido do ex-presidente do México, Luís Echeverría Álvarez, após um concerto na Casa Amarilla de Caracas (Ministério de Relações Exteriores). Abreu recebeu vários reconhecimentos internacionais, entre eles o prémio Príncipe de Astúrias das Artes, em 2008, e o Polar Music Prize em 2009.

Do “El Sistema” saíram músicos internacionalmente reconhecidos, entre eles o maestro e diretor de orquestra Gustavo Dudamel. Estima-se que mais de 500 mil jovens venezuelanos passaram pelo “El Sistema”, um projeto de educação musical e integração social que foi replicado em vários países, entre eles Portugal, os Estados Unidos, Inglaterra, Roma, Noruega, França e Holanda. Em Portugal, em 2007, inspirada em “El Sistema” foi criada a Orquestra Geração.

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