O presidente do conselho de administração da NOS, acusou a empresa Fibroglobal, dona de redes rurais no centro do país, de pertencer a uma empresa com alegadas ligações à Altice. Miguel Almeida, em entrevista ao Expresso, disse ainda existir uma “fraude” e problemas de concorrência com esta empresa, garantindo que a sua operadora não tem mais de três clientes sem telefone nas zonas afetadas pelos incêndios e que o problema está nas “ligações fornecidas pelo incumbente a montante que ainda não estão estabelecidas”, a PT/Altice. Uma “fraude” com a qual, segundo Miguel Almeida, as diferentes administrações da Anacom e governos “têm pactuado, com o seu silêncio e inação”.

Perante a entrevista, a Altice já reagiu e acusa a NOS de necessitar  “fazer prova de vida”. Que, não conhecendo a empresa, “é natural que o conteúdo” da mesma “tenha pouca consistência”. Para a Altice, a entrevista “não aborda os temas com que a NOS se debate, como a estrutura acionista, transparecendo claramente não estar à vontade com o que pode suceder no futuro”. “Parece ter vergonha de assumir que estão na imprensa há muitos anos, com um diário de referência em Portugal e que o seu accionista estrangeiro tem forte presença e influência nos media portugueses e angolanos. Quando der uma entrevista sobre a NOS talvez possa dizer o que pensa”, disse fonte oficial da empresa de telecomunicações.

Escusando-se a comentar a acusação de fraude feita pelo presidente da NOS, a Altice admitiu, contudo, “considerar irresponsável e preocupante o ataque grave e gratuito feito ao Governo Português e ao próprio regulador”. “Estranha-se que recebendo do Estado e, portanto, dos contribuintes, quase dez milhões de euros pelo contrato de serviço universal , apenas tenha responsabilidade por dois ou três clientes”, afirmou.

NOS reitera que operação Altice/Media Capital deve ser impedida

Na entrevista concedida ao Expresso, Miguel Almeida abordou ainda a questão da compra da Media Capital, proprietária da TVI, pela Altice/PT, criticada desde o início pela NOS. Admitindo querer acreditar que “a operação não vai acontecer porque é muito negativa para os consumidores, para os cidadãos, e, no limite, para a democracia, uma vez que envolve a comunicação social”, o presidente disse que, “se for aprovada”, a expectativa da NOS é a de que “terá de ser com os remédios adequados para precaver os riscos identificado”. “Disse na altura que haveria ‘guerra’ se os reguladores nada fizessem. A minha perspetiva é que os reguladores irão fazer alguma coisa”, afirmou ainda.

Sobre este ponto, fonte oficial da Altice disse confiar “na decisão do regulador”. Ao Observador, a empresa disse ainda saudar “o facto de a NOS ter recuado a sua posição, dizendo que havendo remédios até não é contra a operação”.

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