Se foi um dos clientes que comprou o novo XC40 confiando na informação de que o modelo estava homologado como classe 1 nas portagens, e depois se viu desagradavelmente surpreendido pelo facto de, afinal, o mais pequeno dos SUV suecos ser classe 2 – o que implica pagar o dobro cada vez que se desloca em auto-estrada -, fique a saber que a Volvo Car Portugal está disposta a retomar-lhe o veículo, se você assim o entender.

Conforme o Observador aqui avançou em primeira mão, o “carro europeu do ano” foi “vítima” do sistema que actualmente é utilizado (e bastante criticado) para homologar a classe dos veículos nas vias rápidas nacionais, com ou sem portagem (auto-estradas e SCUT). Ao que apurámos, tal deveu-se a uma medição algo primária por parte da Volvo Car Portugal, que redundou na conclusão de que o XC40 seria Classe 1 à tangente. E terá sido baseada nessa premissa, ainda antes de a mesma ser validada pelas entidades competentes, que a marca comunicou o XC40 como sendo um classe 1. Os concessionários, tal como a generalidade dos jornalistas, difundiram essa informação, pelo que os clientes que receberam as primeiras unidades, e se depararam com a “verdade” na hora de pagar a portagem, exigiram (naturalmente) explicações.

Classe 2. XC40 arranca as vendas com o pé esquerdo

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Questionámos a Volvo quanto a esta invulgar situação, para perceber até que ponto a marca pode reverter esta classificação e, também, o que está disposta a fazer para não defraudar os clientes portugueses. E partilhamos consigo aquilo que a marca nos disse. Para começar, os “estragos” não serão muito significativos, já que as unidades em causa são de tracção integral, tendo sido entregues 40 viaturas com esta especificação. Segundo a Volvo, neste momento estão reservadas (e ainda não foram entregues aos clientes) mais 100, mas 4×2. Ou seja, de tracção dianteira e ainda sem homologação, já que nenhuma foi até agora produzida, pelo que a marca alega desconhecer a homologação que lhe será atribuída. Ora esta, recorde-se, depende concretamente da altura do veículo ao nível do eixo dianteiro, ou seja, sensivelmente a meio do capot do motor, cuja altura tem de ser inferior a 1,10 metros para ser  classificada como classe 1. E isso, habitualmente, não muda consoante se trate de um 4×4 ou de um 4×2…

Ao Observador, a Volvo garante que a sua prioridade passa por, “em primeiro lugar, informar, esclarecer, clarificar” através da sua rede de concessionários. “É o que está a ser feito”, adianta, acrescentando que simultaneamente está a “procurar por todos os meios reverter a situação da classe 2 na versão AWD. Mas, mais importante do que isso, a marca assegura “tudo fazer para que a versão FWD seja homologada como classe 1”. O que se compreende, pois esta é a que maior potencial de vendas encerra no nosso país, devido à fiscalidade que sobre ela recai.

Quisemos ainda saber se, para remediar o irremediável, a Volvo estaria na disposição de retomar os XC40 já entregues, ou atribuir algum tipo de compensação aos clientes que se sentissem lesados por uma falsa informação. Ora, pelo que nos foi dito, “a maioria dos clientes está a optar por manter o seu XC40 AWD” mesmo sendo, neste momento, classe 2. O que, ainda assim, não impede a Volvo Car Portugal de nos garantir que a sua rede de concessionários está disposta a retomar (e já retomou “algumas unidades”) os XC40 já entregues, cujos proprietários não estão na disposição de aguardar “pelo desenlace desta situação”, nem ver disparar o gasto com portagens.

A terminar, e em resposta ao conjunto de questões que lhe foram endereçadas pelo Observador, a Volvo garante:

Tudo faremos para que os clientes não sejam prejudicados por esta situação já de si desagradável.”

A marca diz ainda acreditar que a classificação do XC40 AWD como classe 2 é reversível, assegurando que está a “envidar todos os esforços nesse sentido, desde o momento em que a homologação foi concreta e apontou para a classe 2”. Certo é que disso dependerá, no nosso país, o sucesso da versão ainda por homologar – a FWD, aquela que encerra maior potencial de vendas.