Carles Puigdemont seguia num Renault Espace, com matrícula belga, quando foi mandado parar por agentes da polícia de Schlewsig, em Jagel (Alemanha). Vinha de Helsínquia e tinha feito mais de 1.500 km em menos de dois dias, na tentativa de chegar à Bélgica o mais rapidamente possível, já que no dia anterior o juíz do Supremo Tribunal espanhol, Pablo Llarena, reativou o mandato internacional de detenção em seu nome. Foi retido e, mais tarde, detido. Com ele no carro seguiam mais três pessoas.

Ao El País, fontes dos serviços de informação espanhóis confirmaram a identidade dos outros três ocupantes do Renault Espace: são Xabier Goicoechea Fernandez e Carlos de Pedro López (os dois condutores), o professor universitário Josep Lluis Alay e o empresário e amigo pessoal de Puigdemont Josep María Matamala.

Um dos dois condutores é um polícia dos Mossos d’Esquadra, a força policial catalã. De acordo com o La Vanguardia, tinha pedido recentemente uma licença para se ausentar do trabalho e mudar-se para Bruxelas para acompanhar Puigdemont.

De Alay pouco se sabe, a não ser que é professor de História da Ásia (particularmente do Tibete) na Universidade de Barcelona e membro da Comissão de Relações Internacionais da Deputação de Barcelona, um órgão autárquico da cidade catalã. De acordo com o El País, Alay estava sentado ao lado de Puigdemont no café em Copenhaga quando o ex-presidente foi abordado por um transeunte com a bandeira espanhola.

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Matamala, mais conhecido como Jami, é um ex-político independentista catalão e amigo próximo do líder do Juntos pela Catalunha. Antigo dirigente do Convergência Democrática da Catalunha (mais tarde PDeCat), foi representante do Convergência e União na Câmara de Girona de 1987 a 1995 e esteve no comité local da cidade durante 12 anos. Puigdemont viria a ser eleito presidente da Câmara da cidade em 2011, mas a amizade dos dois remonta a 1991, quando se conheceram a propósito de um artigo que Puigdemont escreveu a criticar um dirigente do Convergência.

A família Matamala é conhecida pelo seu papel na defesa da língua catalã. O pai do empresário, Feliu, fundou a libraria Les Voltes, que teve um importante papel na recuperação do catalão durante os últimos anos do franquismo, conta o La Vanguardia.

Os amigos de Jami ouvidos pelo mesmo jornal em dezembro contam que apenas o viram chorar duas vezes: quando o morreu o pai Feliu e quando leu a carta que Puigdemont lhe deixou antes de partir para o exílio na Bélgica. Foi então que decidiu fazer aquilo a que o La Vanguardia chamou “um parêntesis na sua vida empresarial para se mudar para Bruxelas” e acompanhar o amigo.

Desde então, conta o El País, foi essencial para a causa independentista catalã, já que foi ele o responsável pelo aluguer de uma vivenda em Waterloo onde Puigdemont vivia atualmente. E não é surpresa que tenha sido agora encontrado a viajar com o ex-líder catalão, de Helsínquia para Bruxelas, já que tem sido presença habitual em todas as aparições públicas que Puigdemont tem feito desde que deixou a Catalunha.