O líder norte-coreano Kim Jong-un pode estar em Pequim, de acordo com uma série de indícios recolhidos pelos media japoneses e norte-americanos. A confirmar-se, esta será a primeira visita de Estado desde que Kim chegou ao poder, em 2011 — e ocorre apenas dois meses antes de um encontro marcado com o Presidente norte-americano, Donald Trump.

O primeiro sinal de que o líder da Coreia do Norte estará em território chinês chegou através dos media japoneses, que começaram a noticiar a chegada a Pequim de um comboio semelhante ao utilizado por Kim Jong-il, pai e antecessor de Jong-un, nas suas deslocações ao país. O comboio em causa é composto por vagões verdes com listas amarelas.

Testemunhas na estação de comboio de Pequim e na Praça Tiananmen destacaram à Agência France-Press e à Reuters um movimento “pouco usual”: “Havia muitos polícias fora da estação e ao longo da estrada. A estação estava fechada por dentro”, disse o dono de uma loja perto da estação rodoviária à AFP, citado pela BBC.

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Além disso, fontes não identificadas confirmaram a alguns media norte-americanos que Kim Jong-un estará na China para se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping. À CNN, um “responsável com conhecimentos profundos sobre a Coreia do Norte” falou numa “forte possibilidade” de que o líder norte-coreano esteja em Pequim; à Bloomberg, três fontes “com conhecimento da visita” confirmaram-na.

O Governo da Coreia do Sul não conseguiu confirmar esta visita, mas o Presidente, Moon Jae-in, declarou que está “a monitorizar de perto” a situação e que está a “usar vários canais” para conseguir confirmá-la. Analistas sul-coreanos avançaram à agência de notícias do país Yonhap que o passageiro do comboio verde com riscas amarelas pode não ser Kim Jong-un, mas sim a sua irmã, Kim Yo-jong, que recentemente esteve nos Jogos Olímpicos de Inverno em representação do país.

A confirmar-se, esta será a primeira visita de Estado de Kim Jong-un, que nunca saiu do país desde que chegou ao poder, em 2011. A Coreia do Norte não confirmou a visita e a China disse “não estar a par da situação”, através do seu ministério dos Negócios Estrangeiros, segundo a CNN.

[Veja no vídeo como são as viagens do líder da Coreia do Norte]

A China é um aliado indispensável para Pyongyang, já que absorve cerca de 90% da exportações norte-coreanas. No entanto, Pequim tem votado a favor de várias sanções à Coreia do Norte nas Nações Unidas.

Um encontro entre os líderes dos dois países neste momento seria especialmente relevante já que está prevista para maio a realização de uma cimeira entre os chefes de Estado da Coreia do Norte e dos EUA. “Se este encontro [com Xi Jinping] se confirmar, pode até ser mais produtivo do que uma fotografia entre Trump e Kim daqui a umas semanas”, resumiu à Bloombger Melissa Hanham, investigadora do Centro James Martin para os Estudos de Não Proliferação, “A Coreia do Norte é muitas vezes vista como um irmão mais novo ingrato, mas as recentes tensões e a suas capacidades nucleares crescentes têm feito a China levar isto a sério. Os chineses não querem ficar de fora deste processo.