Há o politicamente correcto e depois há a vontade dos clientes. O primeiro condenou há muito os motores a gasóleo, uns porque acham que são o diabo e outros apenas porque sim. Mas até a ameaça com a proibição, para breve, de circular em algumas cidades europeias, não parece assustar os clientes, que continuam a preferir os diesel.

É óbvio que os consumidores fazem contas à vida. Vem isto a propósito do BMW Série 7, o topo de gama da marca germânica que, apesar de ter reforçado a gama com o 730i, 740i, 750i e 760i, todos eles com potência em barda, níveis de acelerações esfuziantes e um prazer de condução ímpar, continuam a atrair menos compradores do que os “malditos” motores a gasóleo. E não, a explicação não é que os clientes da BMW gostam de sofrer ou morrer precocemente de problemas respiratórios. A explicação tem de ser encontrada no simples facto de os motores diesel garantirem menores custos de utilização. Ou seja, consomem menos quantidade de um combustível que é mais barato.

A BMW Portugal reagiu a esta notícia, afirmando que “a maioria das vendas do Série 7, em termos globais, já apontam hoje para uma preferência das mecânicas a gasolina”, o só que torna a decisão agora anunciada – de suspender a fabricação deste tipo de motores – ainda mais problemática. Contudo e segundo o BMW Blog, para esta realidade muito contribuem as vendas fora do mercado europeu, uma vez que, dentro de Velho Continente, são os motores a gasóleo que continuam a ter mais procura.

Como se o argumento económico não bastasse para explicar o sucesso dos diesel deste lado do Atlântico, há ainda o argumento tecnológico e científico, que aponta para o simples facto de um motor moderno e legal a gasóleo – com filtro de partículas para eliminar as ditas e sistema AdBlue para cortar 95% dos NOx – ser menos poluente do que um congénere a gasolina.

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Talvez por isto, os responsáveis da BMW depararam-se com um obstáculo impossível de contornar, pois se os motores a gasóleo que equipam o Série 7 cumprem as novas e restritivas normas anti-poluição europeias WLTP, o mesmo já não acontece com os motores a gasolina, o que explica que deixem de ser produzidos a partir de Maio. A BMW vai reequacionar o seu regresso, mas apenas em 2019 e só depois do sistema de injecção e tratamentos de gases de escape serem revistos e devidamente equipados com filtros de partículas – similares aos que os diesel já montam -, pois sem eles, não conseguem respeitar o limite máximo de emissões poluentes.

De caminho, vai tornar o 745e mais sexy, em relação ao 740e, pois a potência deste híbrido plug-in promete subir de 326 para 390 cv, enquanto a capacidade de circular em modo 100% eléctrico vai passar a ser superior aos 41 km actuais, cortesia de uma bateria de iões de lítio de maior capacidade.

Notícia actualizada em 30 de Março, com a reacção da BMW Portugal