Quatro tiros atingiram dois dos três autocarros da caravana eleitoral de Lula de Silva durante a noite desta terça-feira. Dois dos disparos foram direcionados ao veículo que transportava os jornalistas — um de cada lado — com um terceiro tiro a passar de raspão num dos vidros. O outro autocarro atingido seguia no meio da comitiva, onde normalmente circula o veículo que leva Lula da Silva, e transportava alguns convidados. Ninguém ficou ferido.

O incidente ocorreu no Estado do Paraná, no sul do Brasil, quando a comitiva eleitoral se dirigia para a cidade de Laranjeiras do Sul. Lula da Silva seguia no autocarro da frente, que não foi atingido: ao contrário do que foi adiantado pela Secretaria da Segurança do Paraná, que garantiu que o ex-presidente brasileiro não estava em nenhum dos veículos e tinha chegado de helicóptero a Laranjeiras do Sul. O candidato do PT às eleições presidenciais já reagiu ao ataque: “Podem atirar pedra. Dêem tiros no ‘ônibus’ como deram hoje. Se pensam que com isso vão acabar com a minha disposição de lutar, estão enganados”, atirou Lula.

Além dos disparos, os pneus do autocarro onde seguiam os jornalistas foram furados por ganchos de metal que estavam na estrada. Fabiano Oliveira, o inspetor de Laranjeiras do Sul responsável pelo caso, explicou à Folha de S. Paulo que os tiros parecem ter sido disparados por duas armas de pequeno calibre diferentes. Para o polícia, existem “no mínimo dois envolvidos”, já que as duas balas foram disparadas de direções opostas. Ainda assim, as autoridades brasileiras – que estão a tratar o incidente como uma tentativa de homicídio – garantem que ainda não existem suspeitos.

Ainda que não exista qualquer pedido de escolta para a caravana eleitoral de Lula da Silva, as autoridades vão reforçar o policiamento nas zonas onde é expectável que existam manifestações contra o antigo presidente do Brasil.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Michel Temer, o atual presidente brasileiro, já lamentou o ataque aos dois autocarros. “É uma pena que isso aconteça no país”, disse Temer em entrevista à rádio Bandnews, reconhecendo que o clima político no Brasil “está muito ruim”, numa altura em que se aproxima o período de campanha para as eleições presidenciais de outubro.

Esta segunda-feira, o Tribunal Regional Federal de Porto Alegre rejeitou o recurso da defesa de Lula da Silva, condenado a 12 anos e um mês no âmbito da Operação Lava Jato. Se o pedido de habeas corpus apresentado pelos advogados do ex-Presidente brasileiro junto do Supremo Tribunal Federal falhar, Lula pode mesmo vir a ser a preso. A decisão será tomada a 4 de abril.

A decisão foi tomada de forma unânime pelos três magistrados do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre. Como recorda a comunicação social brasileira, Lula da Silva está agora impedido de concorrer a cargos políticos à luz da “Lei da Ficha Limpa” — que torna inelegível por oito anos qualquer pessoa que tenha sido condenada a mais de oito anos por um coletivo de juízes (mesmo que exista possibilidade de recurso).

Tribunal rejeita recurso de Lula. Ex-Presidente tem uma última hipótese para evitar prisão