O Facebook quer que as suas ferramentas de privacidade sejam mais fáceis de encontrar e que os utilizadores tenham maior controlo sobre os seus dados pessoais. E, por isso, redesenhou o menu de definições para dispositivos móveis, criou um novo menu de atalhos de privacidade, novas ferramentas para encontrar, descarregar e apagar os dados dos utilizadores e uma opção para fazer download da informação partilhada.
A decisão surgiu na sequência da polémica causada pelos dados de 50 milhões de perfis que foram utilizados indevidamente pela empresa de análise de dados britânica Cambridge Analytica e denunciados pelo ex-funcionário Cristopher Wylie ao The Observer (publicação do The Guardian) e ao The New York Times.
50 milhões de perfis do Facebook terão sido usados para ajudar a eleger Trump
“Os acontecimentos da semana passada mostraram que ainda há muito a fazer para o Facebook aplicar as suas políticas e ajudar as pessoas a perceberem como funciona, assim como as opções de escolha ao seu dispor relativamente aos seus dados. O Facebook percebeu claramente que as definições de privacidade e outras ferramentas importantes são difíceis de encontrar e que tem de fazer mais para manter os utilizadores informados”, anunciou a empresa em comunicado enviado às redações.
Na semana passada, Mark Zuckerberg anunciou seis novas medidas para evitar que mais casos como o da Cambridge Analytica surjam: investigar aplicações “suspeitas”, informar as pessoas sobre utilizações abusivas de dados, desligar o acesso a aplicações que não são utilizadas, restringir a informação conseguida por login, encorajar os utilizadores a gerirem as aplicações que utilizam e recompensar quem encontre vulnerabilidades no sistema.
Agora, a rede social anunciou quatro novas medidas. “A maioria destas atualizações estava já a ser trabalhada há algum tempo, mas os acontecimentos dos últimos dias reforçaram ainda mais a sua importância”, lê-se no comunicado.
- Controlos mais fáceis de encontrar e utilizar: o Facebook redesenhou por completo o menu de definições para dispositivos móveis, do início ao fim, para que tudo seja mais fácil de encontrar. Agora, as definições estão acessíveis num único lugar.
- Novo menu de atalhos de privacidade: neste novo menu, os utilizadores podem ativar mais ferramentas de proteção, como a autenticação com dois fatores. Caso esta opção esteja ativa e alguém tente entrar na conta a partir de um dispositivo que o Facebook não reconheça, será imediatamente pedida uma confirmação ao dono da conta. Para controlarem melhor a informação, os utilizadores vão poder rever o que partilharam e apagarem, se quiserem, incluindo posts aos quais reagiram, pedidos de amizade enviados e buscar feitas no Facebook. Mais: vai ser possível gerir quem vê o que publica e a informação que incluiu no perfil.
- Nova ferramenta para encontrar, descarregar e apagar dados: o novo “Aceda à sua Informação” permite apagar o que não quer que apareça na cronologia, aceder e gerir posts, reações, comentários ou pesquisas efetuadas.
- Fazer download da informação partilhada: vai ser possível fazer uma cópia segura ou movê-la para outro serviço, incluindo fotografias, contactos adicionados à conta, posts na cronologia e muito mais.
Além das novas medidas, o Facebook quer explicar aos utilizadores como recolhe informação e, por isso, durante as próximas semanas, vão ser propostas atualizações dos termos de serviço do Facebook, que incluem este compromisso. A política de dados também vai ser atualizada, para que seja mais fácil perceber que dados são recolhidos e como são utilizados.
“Estas atualizações visam uma maior transparência, não a obtenção de novos direitos de recolha, uso e partilha de dados”, explica a empresa em comunicado.
A rede social explica que para desenvolver estas ferramentas e atualizações trabalhou em conjunto com reguladores, legisladores e especialistas em privacidade. As medidas vão ser implementadas durante as próximas semanas.
Na segunda-feira, soube-se que além dos registos feitos na rede social, o Facebook também guarda o registo de chamadas e de SMS nos telemóveis. A notícia surgiu depois de vários utilizadores terem pedido para sair da rede social de forma permanente, momento em que recebem todos os dados que a empresa detém. Foi aí que depararam com registos de chamadas pessoais que fizeram.