Umar Haque, o apoiante do Estado Islâmico (EI) que tentou criar um exército de crianças-soldado em Inglaterra, foi condenado na terça-feira a 25 anos de prisão. Haque, que dava aulas numa escola islâmica em Barking, na zona este de Londres, tentou radicalizar, pelo menos, 110 menores, segundo as autoridades. Os mais pequenos tinham 11 anos.

Entre setembro de 2015 e setembro de 2016, o jihadista desempenhou funções como administrador na escola islâmica Lantern of Knowledge, em Londres. Apesar de não ter qualquer tipo de classificações para tal, Haque chegou também a dar aulas de Estudos Islâmicos. Foi nestas que usou o seu computador para mostrar imagens de armas e decapitações aos seus alunos, chegando mesmo a organizar jogos em que as crianças tinham de fazer de conta que eram terroristas. Aos alunos, que tentou incentivar a lutarem entre si para treinarem, disse estar em contacto com o EI. O seu objetivo era criar um exército de crianças-soldado.

“Ao fazer com que elas imitassem ataques terroristas em Londres, estava a preparar as crianças para morrerem pela fé”, disse Dean Haydon, chefe do departamento de contra-terrorismo da Scotland Yard, citado pelo The Guardian. “Uma parte da encenação incluía ataques a agentes da polícia.” Nestes, a turma era dividida ao meio, com metade a desempenharem o papel de polícias e a outra metade a fazer de terroristas.

As autoridades acreditam que Haque tentou radicalizar, pelo menos, 110 menores, entre os 11 e os 14 anos, na mesquita e na escola de Barking . Segundo o The Guardian, 35 estão a receber apoio psicológico. Durante a leitura de sentença, esta terça-feira, o juiz Charles Haddon-Cave, responsável pelo caso, deixou claro que o jihadista, que admitiu ser apoiante do EI, queria fazer “qualquer coisa em grande” e que a sua ambição era “extrema e alarmante”. “Haque é um mentiroso perigoso. É inteligente, persuasivo e tem um sorriso fácil. É narcisista e claramente gosta do poder que exerce sobre os outros”, afirmou Haddon-Cave.

Umar Haque foi detido em abril de 2016, no Aeroporto de Heathrow, quando tentava embarcar rumo a Istambul, uma rota comum entre aqueles os jihadistas que tentam chegar à Síria. Depois de o seu telemóvel ter sido examinado pelas autoridades, a polícia inglesa decidiu revogar o seu passaporte no mês seguinte e começar a investigá-lo. Durante as investigações, foi ainda descoberto que o apoiante do EI pretendia atacar 30 atrações turísticas londrinas, como o Big Ben ou o centro comercial de Westfield, com armas e um carro com explosivos. Foi também por isso que foi condenado esta terça-feira.

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