O parlamento regional da Catalunha aprovou uma moção promovida pela maioria independentista, onde é pedida a libertação de Carles Puigdemont e dos restantes dirigentes políticos que estão em prisão preventiva por serem suspeitos de crimes relacionados com o processo independentista catalão.

O parlamento regional também aprovou uma moção que afirma os direitos políticos do ex-presidente da Generalitat, de Jordi Sánchez (presidente da ONG Assembleia Nacional da Catalunha, em prisão preventiva desde setembro de 2017) e de Jordi Turull (deputado do Juntos Pela Catalunha e em prisão preventiva desde 23 de março). Na prática, o parlamento regional da Catalunha decidiu que, ao contrário do que os tribunais têm ditado, pode escolher Carles Puigdemont para o cargo de presidente da Generalitat.

Desde as eleições autonómicas catalãs de dezembro de 2017, estes três dirigentes políticos foram propostos pelo presidente do parlamento regional da Catalunha como candidatos ao cargo de presidente da Generalitat. Porém, estas votações nunca aconteceram, por impedimento dos tribunais — que recusaram a investidura de Carles Puigdemont à distância e não permitiram a Jordi Sánchez e a Jordi Turull que saíssem da prisão para estarem presentes na votação.

Arrimadas: “O que se segue? Querem decidir quem terá de entrar na prisão?”

A resolução teve os votos favoráveis do JPC , Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e Candidatura de União Popular (CUP). No lugar dos deputados em prisão preventiva e que estão fora de Espanha, foram colocados cartolinas em forma de laço amarelo, símbolo utilizado para pedir a libertação dos dirigentes políticos em prisão preventiva e detidos no decorrer do processo independentista.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Durante o debate que precedeu a votação, a deputada do JPC Gemma Geis disse que o “governo espanhol, com o apoio do apoio judicial, tenta conseguir que os votos [das eleições de 21 de dezembro] se convirtam em papel inútil”. Anna Caula, da ERC, disse que a votação servia para “denunciar o assédio judicial e a suspensão da democracia no Estado espanhol”. “Só defendendo os direitos e exercendo-os conseguiremos recuperar o auto-governo da Catalunha”, acrescentou Carles Riera, da CUP.

Inés Arrimadas, líder do Ciudadanos na Catalunha, disse que a moção independentista é uma “barbaridade”

A votação mereceu a oposição de Inés Arrimadas, que durante o debate teceu duras críticas à moção proposta pelo Juntos Pela Catalunha, a que chamou de “barbaridade”. “Vocês querem decidir no parlamento quem tem de sair da prisão. O que se segue? Querem decidir quem terá de entrar na prisão?”, lançou aos deputados independentistas. “Felizmente vivemos num país da União Europeia, onde um parlamento não diz à justiça espanhola ou à justiça alemã quem é que sai da prisão”.

Chumbada moção pela demissão de Roger Torrent

Na mesma sessão também foi discutida uma moção do Ciudadanos, que pedia a demissão do presidente do parlamento regional da Catalunha, Roger Torrent, eleito pelas listas da ERC e que o partido de Inés Arrimadas disse atuar de forma “tendenciosa”. “Está a incumprir de forma flagrante as condições básicas para qualquer presidente do parlamento”, disse Inés Arrimadas. “Queremos que o presidente do parlamento seja neutral e imparcial.” Esta moção foi chumbada, com os votos dos partidos independentistas e também do PSC e do EC-Podemos.

A sessão decorre depois de Carles Puigdemont ter passado a sua terceira noite sob detenção, na Alemanha, depois de ter sido retido este domingo pelas autoridades germânicas enquanto atravessava a fronteira com a Dinamarca. Após essa detenção, Espanha emitiu um mandado de extradição à Alemanha. As autoridades germânicas estão neste momento a analisar o pedido de Espanha, garantindo que até terem resposta vão manter o ex-presidente da Generalitat sob detenção.

Enquanto Puigdemont cai com estrondo, Rajoy mantém-se em silêncio. Porquê?