O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia deu esta quinta-feira uma conferência onde, além de tocar matérias de caráter regional ou a situação na Síria, comentou o caso Skripal, que envolve o envenenamento de um ex-espião russo no Reino Unido e que está na origem da expulsão de centenas de diplomatas russos em dezenas de países Europa.

Maria Zakharova, a porta-voz do ministério, começou por garantir que “a Rússia tem pedido repetidamente às autoridades do Reino Unido permissão para participar na investigação” através de várias notas enviadas durante o mês de março. Em resposta, de acordo com o Governo russo, foi enviada informação incorreta e dispersa.

Enviaram-nos informação incorreta. O modo como as coisas estão escritas parece que foram escritas por crianças. É difícil perceber do que é que estão a falar. Não são apenas erros factuais, está a ser feito de um modo deliberado para criar uma situação absurda. Ou então trata-se mesmo de iliteracia”, afirmou Maria Zakharova, a porta-voz do ministério liderado por Sergey Lavrov.

A porta-voz acusou ainda o Reino Unido de violar a convenção assinada pelos dois países em 1968 ao impedir “as reuniões entre representantes russos que querem ajudar cidadãos da Rússia”. Para o Governo de Vladimir Putin, o gabinete dos Assuntos Externos britânico está a trabalhar “sob a égide do Governo, que está a recorrer a elementos de propaganda”.

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Maria Zakharova defende que a Rússia soube de todos os pormenores do caso Skripal através da comunicação social, já que o Governo de Theresa May providenciou apenas “conclusões que têm uma natureza política e não conclusões da investigação”.

“Não conseguimos sequer obter dados sobre o incidente, a data, a hora, o número de pessoas envolvidas, qual era a situação médicas das pessoas. Tudo isso soubemos pela comunicação social”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo. Zakharova acrescentou ainda que a Rússia está a ser alvo “das mesmas acusações que já foram feitas e que não têm qualquer fundamentação real”.

Mais de 20 governos seguiram o exemplo do Reino Unido e expulsaram diplomatas russos colocados nos respetivos países. As represálias diplomáticas foram tomadas depois de o governo britânico ter acusado a Rússia de ter orquestrado o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal e a filha Yulia em Salisbury, em Inglaterra. O Reino Unido expulsou 23 diplomatas russos e Moscovo respondeu dando ordem de saída a outros 23 diplomatas britânicos. Desde então, só os Estados Unidos mandaram para casa 60 diplomatas russos.

Que países expulsaram e os que não expulsaram diplomatas russos