A força do movimento #MeToo, que está desde o ano passado a dominar a imprensa internacional, chegou ao Brasil. A hashtag pode não ser a mesma, mas a ideia subjacente prevalece: os direitos das mulheres. No passado domingo, dia 25 de março, um grupo de 52 jornalistas de desporto brasileiras criou o manifesto “Deixa Ela Trabalhar” — uma página na rede social Facebook que já tem mais de 14 mil seguidores.

O movimento é autoria de jornalistas, apresentadoras, produtoras e até assessoras de vários meios de comunicação, todas elas ligadas ao desporto. O grupo uniu-se contra o assédio moral e sexual a que é sujeito no local de trabalho — estádios, ruas e até redações.

No vídeo de apresentação de #DeixaElaTrabalhar é possível ver o que algumas jornalistas de desporto sofrem: desde beijos indesejados em direto a ofensas registadas pela câmara. “Aconteceu comigo”, ouve-se uma das jornalistas a dizer no vídeo. “Já aconteceu com todas nós”, refere outra. “Não dá para mais para acontecer”, afirma ainda uma terceira mulher.

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Vagabunda, piranha. Até quando? Somos mulheres e profissionais. Queremos trabalhar em paz. O desporto também é o nosso lugar. Precisamos de respeito.

A iniciativa que tem fortes ligações ao movimento que nasceu nos EUA, depois de o produtor norte-americano Harvey Weinstein ter sido acusado de assédio sexual por dezenas de mulheres, já está a chamar a atenção da imprensa internacional e a cruzar fronteiras. É o caso da CNN, que escreve que as jornalistas de desporto brasileiras estarão a ter, neste preciso momento, o seu próprio manifesto #MeToo.

Até agora foram os vários os clubes brasileiros — do Atlético-MG ao Chapecoense e Corinthians, a título de exemplo — que aderiram publicamente ao evento, tal como conta o Globo.