Os jogos das seleções (e as polémicas diárias que o futebol português consegue criar mesmo quando as mesmas não existem) acabaram por apagar um pouco tudo o que se passou nas últimas duas semanas, mas há um gesto que ainda hoje é recordado entre os encarnados: no decorrer da Gala do Benfica, Jonas recebeu o prémio de futebolista do ano mas fez questão de chamar todos os companheiros ao palco quando foi buscar o galardão.

Falar aqui é difícil e fiz questão de chamar todos. Tê-los como companheiros todos os dias faz de mim uma pessoa ainda mais feliz. Não ganharia nada disto sem vocês. Nem nos meus maiores sonhos imaginava estar a passar o que estou a passar neste clube”, atirou o avançado no curto discurso de agradecimento na Gala do Benfica.

Mas a verdade é que, quando tentamos situar o momento de Jonas na Luz, lá passa mais uma jornada e há outro recorde a ser batido (e outro que fica mais próximo, como verá mais abaixo). Como aconteceu frente ao V. Guimarães. E num encontro por si só especial, em vésperas de cumprir 34 anos (1 de abril).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Uma volta depois, vira o disco e toca o mesmo (a crónica do Benfica-V. Guimarães)

Ao ser de novo titular no conjunto de Rui Vitória, o brasileiro cumpriu o 150.º jogo pelo Benfica, sendo o quinto jogador com mais golos ao atingir essa fasquia apenas superado por Eusébio (182), Torres (159), José Águas (159) e Julinho (155). Jonas chegava a este encontro com 119, ocupando a última vaga no top-5 deste capítulo. Em paralelo, o número 10 foi apenas o 13.º estrangeiro a alcançar esta marca ao serviço dos encarnados.

Começou o jogo e, de bola parada (penálti) e corrida (após cruzamento de letra de Raúl Jiménez), o dianteiro somou mais um bis, o sexto da temporada, e colocou a fasquia nos 121 golos em 150 partidas. Com outra particularidade: ao apontar os dois golos da vitória, Jonas chegou aos 33 no presente Campeonato, superando o registo alcançado em 2015/16 na época de estreia de Rui Vitória na Luz (32). Ao mesmo tempo, e quando tem ainda pela frente mais seis jogos, o brasileiro igualou os 36 golos em todas as provas que alcançou nesse ano.

Há quanto tempo um jogador do Benfica não chegava aos 33 golos no Campeonato? Há 28 anos, quando Mats Magnusson alcançou essa marca que pode ser agora superada por Jonas nas próximas rondas até ao final da época. Mais no Benfica, só mesmo o maior dos maiores: Eusébio, que marcou 40 em 1973 e 42 em 1968.

Mais complicada parece estar a por si só desigual luta pela Bota de Ouro. E porquê? Salah, que voltou a ser decisivo para o Liverpool no triunfo diante do Crystal Palace por 2-1, leva 29 golos na Premier League, que tem ponderação de 2 pontos por golo, ao contrário da Primeira Liga que, após a descida de Portugal no ranking, passou apenas para 1.5, o que coloca o brasileiro em quinto lugar com 49.5, atrás de Lewandowski, Immobile e Messi.