Um vídeo divulgado na internet mostra os últimos momentos de vida de Abdul Fattah Abdul Nabi, um jovem palestiniano de 18 anos, de acordo com o jornal The Times of Israel, que foi baleado durante os protestos que decorriam na sexta-feira, na Faixa de Gaza.

As imagens mostram o jovem, vestido de preto, a fugir da fronteira de Gaza com Israel, carregando consigo um pneu. O jornal The Washington Post escreve que pouco antes de chegar junto da multidão terá sido baleado nas costas e na cabeça, por soldados israelitas — no vídeo pode ver-se o rapaz a cair no chão.

Mohamed Abdul Nabi, 22 anos, irmão do jovem Abdul Fattah Abdul Nabi, disse, em conversa com o jornal norte-americano, que o irmão “não tinha arma, não tinha molotov, tinha um pneu”. A família do jovem que foi atingido pede uma investigação e responsabilidades.

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Isso prejudica os israelitas, um pneu?”, perguntou o jovem de 22 anos, acrescentando que “ele não estava a ir para o lado de Israel. Ele estava a fugir de lá”.

Um fotógrafo palestiniano que captou imagens dos últimos momentos de Abdul Fattah diz que o jovem que tem uma camisola verde correu para ir buscar o pneu que tinha sido deixado durante a manhã junto à fronteira. No vídeo pode ver-se o rapaz a rastejar com as balas a caírem-lhe aos pés, momento em que Abdul corre para o ajudar, sendo depois atingido mortalmente.

Em resposta ao vídeo da morte de Abdul Fattah, o exército israelita disse que o Hamas — movimento fundamentalista islâmico da Palestina que organizou os protestos — publicou uma série de vídeos dos protestos, “alguns dos quais apenas retratam partes dos incidentes enquanto outros foram editados ou completamente fabricados“.

O exército israelita afirmou que utilizou balas reais depois de os manifestantes palestinianos, situados junto à zona fronteiriça, terem lançado pedras e bombas incendiárias em direção aos soldados israelitas.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, elogiou os seus militares por protegerem as fronteiras do país e assegurou, em comunicado feito no sábado, que “Israel vai agir firme e decisivamente para proteger a sua soberania e a segurança dos cidadãos”, segundo o Washington Post. O Hamas promete manter as manifestações e, por sua vez, as forças armadas israelitas garantem que vão “expandir” a sua resposta se a violência continuar.

Abdul Fattah, como a maioria daqueles da sua geração, nunca saiu da Faixa de Gaza. Israel impôs fortes restrições ao movimento de bens e pessoas desde que o Hamas assumiu o controlo do enclave em 2007.

Cerca de 40 mil pessoas participaram nos protestos organizados pelo Hamas na sexta-feira, e que devem durar seis semanas. Os palestinianos pretendem exigir o “direito de retorno” dos refugiados palestinianos e denunciar o bloqueio de Gaza. Os números davam conta de 16 mortos e 1.400 feridos, contudo, o Ministério da Saúde em Gaza anunciou esta segunda-feira a morte de mais um palestiniano, subindo assim para 17 as vítimas mortais que resultaram dos protestos de sexta-feira. A autoridade da saúde indica que dos feridos, 757 foram atingidos com tiros de balas reais.

No sábado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, mostrou-se “profundamente preocupado” com a agitação em Gaza e pediu uma “investigação independente e transparente” dos acontecimentos.

Guterres pede “investigação independente e transparente” a incidentes em Gaza

(Artigo atualizado às 11h48)