O CDS-PP e o Governo trocaram esta quarta-feira acusações sobre a extinção da Guarda Florestal, decidida em 2006, que acabou com uma “defesa da honra pessoal” pelo centrista João Almeida, e uma retificação do ministro Eduardo Cabrita. “Tenho honra de não ter saído do Governo sem abrir a porta à reativação da Guarda Florestal”, declarou João Almeida, ex-secretário de Estado da Administração Interna, que exibiu um comunicado da CGTP-IN sobre a reativação, com “valorização salarial”, do corpo de guardas florestais, extinto durante o Governo de José Sócrates, com António Costa como ministro da Administração Interna.

João Almeida falava no final de uma interpelação ao Governo do CDS sobre a “preparação da próxima época de incêndios”, em que pediu a palavra para fazer uma “defesa da honra pessoal”, contestando as palavras do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, segundo as quais tinha “liquidado 200 guardas florestais”. O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, fez uma “pequena correção estritamente numérica”, reconhecendo que em 2011 havia 385 guardas florestais e, em 2015, 318.

“Não reduziu em 200, prosseguiu um caminho de extinção, felizmente, agora infletido”, disse Eduardo Cabrita, sublinhando, várias vezes, que foi graças ao PCP que se deu o “renascimento da Guarda Florestal”. Em 2006, conforme disseram tanto o ministro como João Almeida, foi decidida a integração do corpo da GNR e “o caminho era extinguir enquanto vagasse”. “Encontrei pessoas completamente desmotivadas, sem fardamento, a única coisa que tinham era um decreto-lei que dizia que corpo tinha sido extinto e a sua carreira extinguia-se quando vagasse”, declarou João Almeida.

No encerramento do debate, o deputado do PSD Nuno Serra defendeu que o debate desta quarta-feira mostrou a “campanha tóxica do Governo para branquear as falhas no combate aos incêndios do ano passado”, argumentando que “a atitude continua a ser culpar os proprietários, aqueles que habitam no mundo rural”, com uma “ilusão de prevenção”. “Cortar árvores junto das casas com distâncias patéticas, roçar mato junto das estradas? Prevenção estrutural é muito mais do que isso”, defendeu Nuno Serra, referindo-se a fogo controlado, podas, e também à constituição de sapadores florestais, que, sublinhou, no ano passado só funcionaram em agosto.

Pelo BE, o deputado Pedro Soares insurgiu-se contra a “política de eucaliptização do país que está na origem da situação dramática” dos incêndios. “Temos de respeitar quem se envolve no sistema de Proteção Civil, no combate aos incêndios, por isso, não podemos atirar para cima dessas pessoas desse sistema, toda a responsabilidade da segurança da floresta. Isso é uma injustiça que se faz em relação a estes homens e a estas mulheres que, em muitos casos, já deram a vida pela nossa segurança”, defendeu.

O deputado do PCP João Dias defendeu que “só a limpeza e as campanhas mediáticas de fim-de-semana não chegam para prevenir incêndios, sendo urgentes políticas que combatam o despovoamento, a destruição da agricultura e do mundo rural, que reduzam as assimetrias regionais”. “Essas são as grandes medidas de prevenção que deviam ser tomadas”, declarou.

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