A Ryanair informou que “apenas oito de entre os primeiros voos do dia foram cancelados”, de um total de 170, salientando que “a grande maioria dos tripulantes de cabine” portugueses estão a trabalhar “dentro da normalidade”. O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) afirmava, por sua vez, que tinham sido cancelados 11 dos 18 voos até às 7h30.

Em comunicado, a operadora aérea irlandesa refere que “a grande maioria” dos “tripulantes de cabine em Portugal estão hoje (quarta-feira) a trabalhar dentro da normalidade”. Contrariando esta informação, o dirigente sindical, Bruno Fialho, disse que apenas 5% dos tripulantes com base em Portugal estavam a trabalhar normalmente.

A companhia acrescentou que “apenas oito de entre os primeiros voos do dia foram cancelados (de um total de 170 voos de/para Portugal), sendo que estes clientes já estão a ser recolocados em outros voos ao longo do dia de hoje ou voos extra” que serão operados na quinta-feira. Os 170 voos a que a Ryanair se referia incluem não só os 46 que estavam previstos partir (e regressar a Portugal) esta quarta-feira — por exemplo, Lisboa-Londres-Lisboa —, mas também os voos que têm origem noutras bases, mas que passam por Portugal — por exemplo, Roma-Lisboa-Roma.

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Em declarações à agência Lusa, a presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Luciana Passo, disse que, mais uma vez, a companhia aérea irlandesa de baixo custo usou aviões que estavam estacionados em Portugal para ir buscar tripulação a outras bases: “Os aviões estacionados em Portugal saíram sem passageiros outra vez e foram a outras bases da Ryanair buscar tripulantes para voltarem com algumas horas de atraso e, mais uma vez, haver substituição de tripulantes em greve”.

Na terça-feira, em comunicado, a Ryanair afirmou que pretendia “operar o horário completo, se necessário com recurso a aeronaves e tripulação de cabine de outras bases fora de Portugal”, uma posição que o sindicado classificou como um “anúncio despudorado”.

Ryanair admite voltar a recorrer a tripulantes de outras bases aéreas durante a greve

A paralisação foi marcada pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, que tem denunciado a substituição ilegal de grevistas por trabalhadores de bases estrangeiras, o que levou a Autoridade para as Condições do Trabalho a anunciar uma inspeção.

A greve de três dias (não consecutivos) visa exigir que a transportadora de baixo custo irlandesa aplique a legislação nacional, nomeadamente em termos de gozo da licença de parentalidade, garantia de ordenado mínimo e a retirada de processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo abaixo das metas da empresa.

“A Ryanair fez um grande esforço durante este período para manter os voos e férias de Páscoa dos […] clientes e respetivas famílias e, graças aos […] tripulantes de cabine portugueses, que em grande parte ignoraram esta greve convocada por sindicatos de companhias aéreas concorrentes, estes esforços tiveram sucesso tanto na semana passada como hoje”, refere a operadora de baixo custo (‘low-cost’).

Na terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, advertiu a Ryanair para cumprir a legislação laboral portuguesa, considerando que esta não pode substituir trabalhadores em greve por outros funcionários.

Greve da Ryanair. “Será a sua decisão, mas terá de lidar com as consequências”

No mesmo dia, o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, afirmou que “o Governo pode fazer o que pode fazer sempre nestas situações — quando há indícios de que está a ser posto em causa um direito fundamental –, que é utilizar e mobilizar os instrumentos que a lei dispõe, seja contraordenacionais, seja punitivos, se for caso disso”.

Atualizado às 20h10