O sistema bancário em Portugal já registou uma rentabilidade positiva no ano passado, o que contrasta com o valor negativo verificado em 2016. Segundo o Banco de Portugal, a rentabilidade dos capitais próprios aumentou 10,8 pontos percentuais em 2017. O mesmo indicador para o ativo cresceu 0,9 pontos percentuais.

No relatório sobre o sistema bancário português para o último trimestre do ano, o supervisor atribui esta evolução positiva a uma “redução expressiva do fluxo de imparidades (perdas registadas no balanço)”, face ao reforço significativo de imparidades de crédito registadas em 2016. O Banco de Portugal aponta também para um “aumento do produto bancário”, embora este efeito resulte em grande medida de ter sido acionado o mecanismo de capitalização contingente definido no contrato de venda do Novo Banco.

Apesar da melhoria da rentabilidade assinalada, a soma dos resultados dos principais bancos a operar em Portugal ainda foi negativa em 2017, essencialmente por causa dos prejuízos de 1.395 milhões de euros anunciados pelo Novo Banco, por força de imparidades de crédito da ordem dos dois mil milhões de euros. Considerando os sete maiores bancos — Caixa Geral de Depósitos, BCP, Santander Totta, Novo Banco, BPI, Montepio e Caixa de Crédito Agrícola — a soma dos resultados de 2017 dá ainda prejuízos de 378 milhões de euros. Mas é já sinal de uma melhoria muito significativa face às perdas superiores a dois mil milhões de euros registadas no ano anterior.

Em 2016, foi sobretudo a Caixa a estragar o quadro com prejuízos recorde devido ao reconhecimento de perdas na carteira de crédito. Em 2017, esse cenário repetiu-se no Novo Banco. Nos dois casos, o registo de imparidades obrigou a operações de recapitalização. Com a exceção do Novo Banco, os outros grupos melhoraram os resultados em 2017. BCP, Caixa e Montepio passaram de prejuízos a lucros, embora nos dois primeiros casos a operação portuguesa continue negativa.

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No ano passado, a margem financeira teve um contributo mais positivo para a rentabilidade dos capitais investidos, com a ajuda de uma maior descida nos encargos com juros pagos face aos juros recebidos.

O Banco de Portugal destaca ainda a redução do stock de empréstimos em incumprimento (NLP na sigla inglesa) de 2,9 mil milhões de euros no último trimestre do ano, o que corresponde à maior queda trimestral desde que a publicação com o atual critério começou a ser feita, em dezembro de 2015. Mais importante que a queda em valor total — que foi de 9,3 mil milhões de euros entre o fina de 2016 e o final do ano passado — é a diminuição do rácio de crédito malparado que caiu 1,3 pontos percentuais para 13,3%. Todos os setores contribuíram para este resultado, mas o BdP sublinha o impacto da descida do malparado nas empresas não financeiras.

O ano passado ficou ainda marcado por uma nova contração do setor bancário, com o ativo a cair 1,1% para 381 mil milhões de euros e uma manutenção dos custos operacionais. Já o rácio de fundos próprios totais subiu para 15,2% e o principal indicador da solidez da banca, o chamado Common Equity Tier (CET1) progrediu 0,4 pontos percentuais para 13,9%.